O brasileiro veste chuteiras. Infelizmente. Melhor seria se ele vestisse a camisa da educação, do engajamento e da luta por um Brasil mais justo. País do futebol? Com certeza. Porém, é também o país das desigualdades, da miséria e da alienação das massas.
Não se pode negar que o futebol é uma arte bela e que o jogador é um talentoso artista. Não é de se espantar que tal espetáculo encha os olhos do brasileiro e faça seu coração transbordar de alegria. Ao ouvir o hino nacional, no momento do gol de placa, todos são patriotas ao máximo. Brasil! Brasil! Mas onde está esse patriotismo todo na hora de votar, na hora de lutar? O patriotismo do brasileiro deveria continuar correndo em suas veias após sair do estádio...
Fica claro, dessa forma, que o futebol serve como mais um dos muitos instrumentos usados pelos poderosos para manipular as massas. É a famosa política do pão e circo. Enquanto a cabeça de 99% do povo fica ocupada assistindo aos jogos da seleção, o 1% restante (os poderosos) manda e desmanda, mexe e remexe, governa de acordo com seus interesses individuais.
O Brasil tem um lindíssimo histórico futebolístico: tetracampeão, Pelé, Garrincha, Zico... Mas como fica o histórico social? Miséria, aculturação das massas, desemprego, desigualdades. O brasileiro sabe muito bem debater sobre futebol, sabe muito bem defender seu time do coração. Mas, e debater sobre política, ele sabe? E defender seus direitos? Não, não. É mais fácil pôr a culpa no governo.
Dois mil e dois: ano de eleições e também ano de Copa do Mundo. O que será que vai prevalecer? Qual será a prioridade do povo? Ouvem-se todos discutindo a escalação do Felipão, só se fala nos jogos que estão por vir. Quantos, nesse momento, pensam nas propostas dos candidatos à presidência? Poucos. Lula e Serra ficam esquecidos quando se fala do trio Ronaldinho, Rivaldo e Ronaldo Gaúcho...
Absurdo, porém real: Júlio César fez escola, sua política de dar circo ao povo, alienando-o, ainda é usada e dá resultado. Enquanto o povo brasileiro se preocupar mais com a bola do que com o futuro de sua nação, a situação não vai mudar. Os pés do brasileiro devem ficar fincados no chão, presos à realidade, e não flutuando sobre a grama verde, sonhando com o pentacampeonato.
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