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Cronicas-->Um Escritor Sem Palavras -- 03/01/2003 - 21:04 (Tiago Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um Escritor sem Palavras

Para não perder o costume tenho que escrever alguma coisa. Mesmo que seja sobre a própria escrita, ou mesmo, por hoje eu estar sem assunto. Pois eis que surge um tema: a falta do que falar. Seria isso um verdadeiro lapso de um escritor ou uma desculpa inventada descarada e esfarrapadamente para se livrar da sina diária da escrita ?
Como já sei a resposta, deixo a pergunta no ar. Quem quiser se inteirar do mundo dos escritores que comece a desenvolver suas próprias linhas. Pensar é um verbo incluído na ação de escrever. Escritores não existem para dar respostas prontas a seus leitores. Sua função é unicamente fazer arte. A literatura - a mais bela e solitária de todas as artes - instiga o pensamento, mas não responde aos seus leitores como se os problemas narrados ou descritos fossem equações matemáticas exatas. Ler é imaginar, constatar e desvendar. Viajar sem passaportes numa "Cocanha" sem leis e usufruir de todos estes artifícios pessoalmente.
Um belo exemplo de como a leitura pode interferir na vida do homem é minha relação com as Cronicas de Luiz Fernando Veríssimo. Me proíbo de abrir um livro dele em lugares públicos. Não consigo conter o riso e sou chamado de maluco por diversas gerações. Isso geralmente acontece dentro do ónibus, a caminho da faculdade. João Ubaldo Ribeiro também me causa este constrangimento público, mas seus textos me causam, além de ataques de riso, ereções. Ao ler esses dois autores, procuro a total privacidade. Leio-os publicamente apenas junto dos meus melhores amigos, que entendem os risos porque sabem do que se trata. Lê-los se torna algo tão privado quanto a evacuação de dejetos indesejáveis ou flatulência. Tudo feito no "íntimo da intimidade", longe dos demais humanos que possam se incomodar com qualquer reação natural de minha parte.
Mas para que alguém tenha esse prazer inexplicável da leitura, um outro alguém tem que ter escrito alguma coisa. Nesse àmbito se encaixam duas grandes valorosíssimas peculiaridades: o escritor e a preguiça. Seria um bom nome para uma peça teatral, se não houvesse uma grande preguiça em escrevê-la. Exemplificando a relação escritor/preguiça, o mesmo Veríssimo citado acima diz que "a musa inspiradora de seus textos é o prazo de entrega". A preguiça toma conta de todos os homens, principalmente aqueles que arquitetam as palavras. Ela é a mãe de todos os pecados, e aprendi desde menino a respeitar minha mãe e as mães dos outros. Quando a preguiça me domina, jogo sinuca pela Internet, acendo um cigarro, leio alguma coisa e procuro não escrever, até que não haja mesmo outra maneira de matar o tempo e tenho que ter uma crónica pronta no fim do dia.
Quando a crónica não sai, saio eu com a desculpa da falta de assunto. Porém, uso esta desculpa de forma poética, afinal sou um escritor. Minha desculpa se resume em dizer humildemente que sou um pobre escritor sem palavras... .
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