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cronicas-->O Dinheiro Falso -- 03/01/2003 - 21:05 (fernanda) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estava sentada à beira do riacho lendo um livro e vi que nada acontecia até que ouvi um ruído estranho, algo parecido com o uivar de um cão e o canto do bem-te-vi. Separados são distintos e belo o canto, mas juntos formam um ruído que começou a me incomodar. Levantei, comecei olhando atrás de mim, olhei para os lados, voltei a olhar para frente e para baixo, pro riacho. Não era o riacho, pois corria calmo e sereno.
O ruído quietou-se, sentei novamente à beira do riacho e peguei o livro que ao meu lado estava. Era um romance, em forma de poesia, folheei algumas páginas e parei, fixei os olhos em uma que dizia: "Não importa onde você parou... Em que momento da vida você cansou..." Interrompi a leitura, o ruído novamente viera me perturbar. Tentei continuar a leitura, não conseguia, li mais dois versos: "O que importa é que sempre é necessário `RECOMEÇAR´. Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...". Inquietei-me, fechei o livro, deixei-o de lado e andei pela margem do riacho à direita em busca desse ruído, da origem deste que acabara com o prazer da minha leitura.
Caminhei um pouco mais e nada encontrei além de uma garrafa quebrada, na qual feri-me, cortando a planta do meu pé, que passou a regar o chão onde pisava até uma parte do riacho onde se via com clareza os únicos seres que me ajudariam com a ferida, pois não havia ninguém por perto senão o riacho, algumas árvores, gramíneas e estes seres que, dentro da água servirão de médicos da terra para mim.
Não consegui voltar ao lugar onde havia deixado o livro, então sentei à beira do riacho e mergulhei o pé ferido e o outro são. Senti a água lavando suavemente o corte e purificando aquele lugar.
Retomei a caminhada, buscando o lugar onde estava o livro, andando com cuidado para não ferir-me novamente. Consegui encontrar o livro, mas fiquei extasiada em como o ruído havia sumido quando machuquei o pé. E pensando nisso, voltei a ler o que antes lia.
"É renovar as esperanças na vida... E o mais importante... Acreditar em você de novo...".
Ai! Senti uma picada no ferimento. Vi que era uma formiga que estava vindo do seu formigueiro em busca da comida com suas companheiras e meu pé estava ali de obstáculo. Levantei daquele lugar com o livro na mão e andei novamente para a direita do riacho, lembrando que mais à frente havia a garrafa quebrada, e quando a vi, procurei me desviar passando à direita dela e evitando me machucar novamente e ter que parar e recomeçar meu caminho.
Andando, distraí-me e deixei o livro cair no riacho, tive a sorte das águas do riacho estarem calmas e o livro ter caído numa parte rasa. Peguei-o todo molhado, as páginas estavam grudadas umas nas outras, mas havia uma que permanecera seca, intacta, e era justamente a que eu estava lendo. Aproveitei e voltei a ler, terminar de ler os dois últimos versos do poema: "Recomeçar... hoje é um bom dia para começar novos desafios...". O ruído voltou a incomodar, mas dessa vez me concentrei no som da água do riacho e continuei a ler: "Porque sou do tamanho daquilo que vejo e não do tamanho da minha altura. Carlos Drumonnd de Andrade".
Respirei aliviada, havia acabado de ler o poema, e o sol já do céu caía. Continuei minha caminhada e deparei com uma cabana logo à frente, estava eu cansada e ferida, então pensei em pedir uma ajuda a quem, se alguém morasse ali.
Bati na porta da cabana e foi como se estivesse alguém à minha espera. Um senhor, com o rosto marcado, cabelos e barba grisalhos, ofereceu-me sua casa para descansar. Mas como ele sabia que era isso que viria a pedir-lhe? No primeiro instante receei-me, mas o cansaço venceu-me e entrei e sentei no chão ao redor de uma pequena mesa onde estava uma folha com a escrita borrada, curiosa peguei o papel e li. Parecia o poema que estava lendo à margem do riacho, mas o senhor me interrompeu e me ofereceu um copo d´água, e enquanto bebia a água ele dizia: "O caminho que você percorreu, muitos tentaram passar por ele, mas poucos conseguiram alcançar o êxito dele. E se você conseguiu chegar até aqui é uma vitoriosa. Mesmo ferida e perturbada continuou no seu objetivo".
Ouvi-o atentamente, mas quando ele falou `perturbado´, lembrei do ruído que desaparecera definitivamente, e assim ele continuou falando: "O ruído que ouvira inicialmente ao ler o livro foi seu principal obstáculo e foi definitivo para o seu êxito. A garrafa que lhe cortou foi um obstáculo que serviu para testar sua força de vontade de chegar ao objetivo".
Mas porque o ruído foi o principal obstáculo? Perguntei, e esperava uma resposta rápida, mas ele foi até a janela, respirou o ar puro do verde e voltou-se para mim: "Quando você começou a ler o poema o ruído começou e sempre que parava a leitura ele também parava. E assim se seguia. O ruído queria desviar a sua atenção, queria que você retrocedesse como o dinheiro falso que, com ele você não pode seguir em frente, pois ele não tem valor. E o ruído queria fazer com que você pensasse que a leitura era desgastante, sem valor e que o melhor a fazer era voltar pra casa. Mas você persistiu na leitura e acreditou que não importaria o lugar, você se levantou com a ferida e o ruído, e continuou a ler aquele poema que teve grande importància, pois você soube dar valor àquilo que também a valorizará o resto de sua vida: a leitura".
Após ouvir isso, coloquei o copo d´água sobre a mesa, agradeci e despedi-me do bom senhor e recomecei meu caminho.

Maria Fernanda Lacerda de Oliveira
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