ROSA-DE-JERICÓ
Guardei no ventre a semente,
vento arrancou-me dos campos
Rolei pela vida demente,
debaixo dos céus escampos
Todas as folhas cairam,
deixou-me com árida fronte,
belezas todas sumiram,
secou-me a frescura da fonte
Da Arábia, de Argel para o mar,
secura, cadeia mais pura,
me pôs nesta vida a pensar
se ainda existia ternura
E no deserto o espinho
feriu meu ser com cuidado
Não encontrei um carinho,
só peito angustiado
A chuva que molha e esfria
me fez renascer com o gozo
O amor guardado sorria
do aroma forte, pomposo
É a graça divina que dou
pra todos sem véu e sem dó
Espalho pro mundo que sou
a rosa-de-Jericó
© Fernando Tanajura Menezes
(n. 1943 - )
(in Cântico das rosas - Editora Scortecci
São Paulo/SP - 1997)
http://tanajura.cjb.net
|