Arlindo Martins Raposo*
Dedicatória ao meu ex-professor de Matemática, a quem sou muito grato e de quem nunca me esqueci.
Arlindo Martins raposo, de quem tive o privilégio de ser aluno há mais de 50 anos e com quem aprendi a descobrir e a valorizar as maravilhas da Matemática.
Lembro-me, com saudade, dos tempos em que aproveitava alguns minutos de folga do abnegado mestre para tirar dúvidas. Sempre solícito e absolutamente seguro, resolvia com destreza os dificílimos problemas que lhe expunha.
Depois das aulas, quantas vezes conversávamos até tarde sobre a importância do conhecimento euclidiano e a respeito da vantagem de levar a sério os estudos? Conseguiu transmitir algo muito essencial na vida -- o senso de responsabilidde e o amor aos números.
Jamais me esqueci da maneira nobre com que conduzia as aulas, não permitindo o menor deslize. Recusava-se a corrigir exercícios que estivessem desenvolvidos em papel de serviço público ou que claramente não pertencessem ao aluno. Era contra qualquer desleixo. Tudo tinha de ser correto; por exemplo, o resultado da divisão de 9 por 5 não podia ser expresso com sinal de igualdade acima (ou abaixo) do traço que indica fração); devia localizar-se entre o numerador e o denomidor, ou seja: entre o traço que indica fração.
Ensinou-me a calcular equação do 2º grau sem o uso da famosa fórmula de Báskara; desenvolveu o teorema de Pitágoras de modo simples e compreensível; mostrou, com habilidade e saber, a diferença entre as paralelas que se cruzam no infinito e as que não se encontram.
Naquela época o livro adotado era o do Oswaldo Sangiorgi, 4ª série ginasial. Com dificuldade na matéria para terminar o ano letivo e precisando de menção, resolvi todos os exercícios dele; porém, como julgou pouco, exigiu que solucionasse os do livro de Carlos Galante. Assim procedi, preenchendo 4 cadernos grandes. Conquistei a média, concluí o curso e fiz mais um amigo, um amigo inesquecível.
Por tudo, que Deus lhe pague!
Com estima,
Benedito
* Brasília, DF, 30/11/2020. "Grandes Talentos 4", Rio de Janeiro, Litteris Editora, 1995, p. 14.
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