O PARALÍTICO
Antonio Luiz Macêdo
Dentre vários protagonistas que aparecem no decurso deste episódio, gostaria de citar pelo menos três: o paralítico, os quatro amigos e Jesus.
A multidão em frente à casa de Jesus era imensa. Pessoas de todas as classes sociais: sacerdotes, escribas, fariseus, doutores da Lei, coxos, cegos, aleijados, gente do povo... Aglomeravam-se para ouvir o anúncio da Palavra.
A fé destes quatro homens, no entanto, mostrava-se mais forte do que as dificuldades pelas quais pudessem enfrentar de agora por diante.
A aproximação continuava cada vez mais inacessível. Desistir? Nunca! Carregaram aquele homem durante uma noite inteira numa padiola, e depois de tanto esforço, dores nos ombros, nos pés, nas mãos, fome, cansaço, suor, poeira...dar meia-volta? Isso, jamais. Não eram de se deixar vencer facilmente. Ainda mais que foram eles quatro que fizeram que stão de levar o amigo de infância até Jesus. Mas que estava difícil, estava.
Quando a convicção anda de braços com a esperança e o amor, pode ter certeza que o Espírito Santo está preparando uma das suas; porquanto nenhum esforço, nenhuma determinação fica sem a sua recompensa quando a sinceridade se encarna em nós.
Se não dava para apresentá-lo a Jesus entrando pela porta..."Entremos pelo telhado. É certo que a barreira será bem maior, mas quando se ama o peso deixa de existir, porque ele é nosso irmão e nosso amigo" - disse o mais franzino.
Preparativos pensados, estratégia concluída, operação realizada. Eis o paralítico posto aos pés de Jesus, "caído do céu". Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico:"Filho, os teus pecados estão perdoados". Enquanto n´´os vemos a aparência, Deus vê o coração.
Angústia, frustração, fracasso, rancor, mágoa, ressentimento, falta de perdão,sentimento de vingança, raiva, eram alguns dos sentimentos que povoavam o coração daquele homem marcado por uma paralisia total. "Filho, eu te amo! Tu não foste criado para viver assim. Eu quero te dar um coração novo. Eu vou arrancar do teu peito este coração carcomido e colocar outro coração que transborde alegria, paz, paciência, mansidão... Os teus pecados estão perdoados. Perdoados e esquecidos porque eu não tenho memória. Quais foram mesmo os teus pecados??!?!?!..."
"Eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para a tua casa!" -ordenou Jesus. Ele levantou-se imediatamente, tomou a sua padiola e voltou andando para sua casa.
Este paralítico sou eu, é você. Talvez nem tanto paralíticos de corpo, mas paralíticos de alma. Corroídos pelo egoísmo, pelo orgulho, pela vaidade, pelo desamor, movimentamos exclusivamente o corpo, enquanto a nossa alma jaz na padiola da nossa consciência inconseqüente. O tempo é de decisão. A hora é de rompimento com essas estruturas que corrompem o nosso espírito e todo o nosso ser. Lembre-se: não precisa arriscar a vida descendo pelo telhado. As igrejas possuem portas largas e espaçosas que aglomeração alguma poderá impedí-lo ou impedí-la de entrar. Levante-se, dirija-se até uma delas, entre, faça uma boa confissão e, através do sacerdote, você poderá ouvir as mesmas palavras de Jesus, com a mesma eficácia e com a mesma auroridade:"Filho... Filha, os teus pecados estão perdoados".
Restaurado, restaurada pelo Amor de Jesus, a nossa alma reviverá e o nosso corpo exultará de alegria no Senhor.
E a padiola?! Tenhamos para com ela o carinho que Jesus teve para com cada um de nós, porque ela foi motivo de VIDA e SANTIDADE. "Levanta-te, toma a tua padiola e vai para a tua casa!"
São palavras e gestos que curam o corpo, a alma e o coração.
(Mc 2,1-12) |
