As ruas não tem mais rosto
Tem tantos rostos, e não tem nenhum
As mãos já não afagam
Os dedos já não cavam a terra
Apenas apontam uns para os outros, e para mim
As bocas já não se fecham, nunca
E já não guardam lugar para a poesia e para o assovio
As bocas, apenas salivam
AS bocas, apenas escarram umas para as outras,
E para mim
Os olhos já não me enxergam
Os olhos apenas me vigiam, em todos os cantos
Já não brilham mais, e nem tem a luz do amor
Apenas olham desconfiados, prontos para o julgamento daquilo que podem observar
Como se isso bastasse a eles
Ou como se isso bastasse a
Mim
Julgo, sou julgado, escarro, aponto
E todos os maldigos recaem sobre mim.
Me Deus, livrai-nos de nós mesmos
Piore nosso mundo
Não merecemos nem o inferno.
Rogério Penna Quintanilha
nov.2003 |