O que é estar aqui, parado, sem comunicação, contato e partilhamento?
É estar preenchido de vida.
Como?! Surpreender-se-ão vocês. Uma pedra é uma pedra, um mineral, inerte, sem vida!
É, diria, desde que não tropecem em mim...
Posso fazer jorrar sangue. Posso pousar no pouso pousado da mente, mudo, silencioso.
Mas, não é isso que me faz ser o que sou na vida. O que sou na vida é porque sou na vida. Não existe vida sem pedra.
No deserto?!
É, mas continuo aqui, sendo o que sou. E, se sou, existo. Penso sem pensar, falo sem falar, faço sem fazer, mas existo.
Não acredita? Ande, por onde eu esteja, sem me reconhecer e verás...
Assim, se estou na vida, então, faço parte dela e, portanto, também tenho vida.
E, minha vida é mais forte, mais contundente, mais sólida. Apesar do tempo, e seu desgaste, ser diferente para mim, ele, entretanto, não me é indiferente.
Guardo o acontecido só para mim mesmo. Sou esponja muda de acontecimentos e é isto que me faz crescer. Se não percebes é porque não dispões do mesmo tempo que eu. Porque não consegues calar como eu. Porque não consegues penetrar como eu.
Sou uma pedra, está certo, mas faço parte da tua vida. Sou uma pedra, mas exijo respeito pelo meu silêncio.
Queres me conhecer? Então, te calas como uma pedra.
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