Li o seu artigo "De Crise em Crise": estamos mesmo bem mal, não é, companheiro?
Você, aí do seu apartamento na "Big Apple", pelo menos, não passa o sufoco nosso de cada dia, em que a gente não sabe qual a próxima hecatombe que vai desabar sobre as nossas aturdidas cabeças, preparada pelos maléficos e insensíveis burocratas (que devem esfregar as mãos e dar estrondosas gargalhadas cada vez que levam a cabo mais um "plano" (?) urdido na calada da noite), lá na "Ilha da Fantasia" ou "Ilha do Planalto".
Da janela do seu apartamento, você, provavelmente, deve observar (quando lhe sobra tempo) as indas e vindas desse povo, geralmente roliço e cor-de-rosa, que persegue seus objetivos pragmáticos, a todo custo, devorando os seus hamburguers rapidamente, para não perder o seu valioso tempo ("time is money"), aplicado em produzir dólares e mais dólares, com o fim de sempre integrarem o "gloriosos time" dos "winners", e nunca o dos "loosers" ou "outsiders".
Mas sei também que você nunca perde o seu vínculo com as suas origens, esse país distante, não só no espaço, mas também no "tempo" (aqui empregado no sentido de "evolução histórica e sócio-econômica"), que, volta e meia, ilustra as manchetes dos jornais novaiorquinos (assim como dos londrinos, parisienses e berlinenses) com certas notícias e indicadores chocantes, apavorantes e até mesmo cômicos (pelo menos, para os leitores daí).
Através do seu amigo fiel, o computador, você percorre, em velocidade vertiginosa, os intricados meandros da "Net", contatando, em diversos idiomas, com escritores, poetas, sites, grupos/listas, jornais, ONGs etc, e encaminhando a muitos a sua prodigiosa produção literária, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, digna de toda a minha admiração e respeito.
E, também daí, você dá as suas argutas e sensatas orientações, repletas de sabedoria e experiência, para tantos e tantas poetas e escritores, que degustam essa corrente fértil, que lhes ilustra os seus nascentes talentos.
Além disso, você sempre está "garimpando" artigos e crônicas que abordam aqueles assuntos que mais nos interessam, em nosso momento político e econômico, ou que nos esclarecem quanto aos usos (ou abusos) da nossa corrente língua portuguêsa, ou, por outro lado, aos nossos direitos legais, ligados a esse nosso ofício solitário, nem sempre devidamente reconhecido.
Eu, daqui do alto dessas montanhas frias de Minas, só tenho a lhe agradecer pelo seu incentivo, lhe enviar o meu abraço, e lhe desejar uma contínua e enriquecedora trajetória pelos íngremes caminhos da nossa literatura.
Abilio Terra Junior
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