A SECA NO SERTÃO
Renato Ferraz
Essa será mais uma noite de sofrimento,
Sem dormir.
Ansioso, olho triste para o céu,
Rogo a Deus uma promessa.
Que mande chuva pro sertão.
Já não suportamos mais tanta privação.
O chão de tão seco está rachando,
O pasto acabou as últimas folhagens,
As criações morreram de fraqueza.
Quando o dia amanhece
Acordo cedo cheio de incerteza
Lembro dias melhores
De colheita e mesa farta.
No céu, agora eu vejo algumas nuvens
Mas elas passam rapidamente.
A vontade que dá é de voar e trazê-las
Para o chão bem juntinho dos meus pés.
Para molhas as plantações.
Nunca soubemos o porquê
Dessa nossa sina de sofrimento.
Tem ano que chove na hora certa
A quantidade certa
Tudo fica verde e alegre.
E depois é esse castigo.
De repente tudo muda.
Vem a seca, a miséria e a tristeza.
E só nos resta seguir nosso destino
De esperança e de fé.
Todo dia cumprimos a nossa obrigação.
Vamos para a roça limpar o mato e preparar a terra
Ainda tenho esperança.
Quem sabe não acontece um milagre?...
Mas, Meu Deus, tem horas que bate a fraqueza,
E vem a vontade de desistir,
de vender o que nos resta e ir embora
Para a cidade procurar um trabalho.
É quando com tristeza vejo a família assim
Sem ter o que comer nem o que fazer.
As crianças desesperadas choram inquietas.
E a gente o pouco que tem vai consumindo
Até ver uma hora de acabar...
É assim com mais um ano de estiagem.
Já são 5 que completa agora com esse.
Mas acredito no Senhor, Deus!
Ó Pai do Céu, bem que o Senhor podia fazer
Os políticos diminuírem nosso sofrimento.
Já que na terra são eles quem mandam.
Com tanta água aqui pertinho de nós, debaixo do chão.
E a gente nessa seca triste sem ter o que plantar.
Às vezes quero perder a esperança
Mas sei que Deus não vai me faltar
E no próximo ano chuva vai mandar.
Para a gente voltar a plantar
Depois colher e sorrir.
E não ter que abandonar nosso chão amado
Aqui onde viveram e estão enterrados os nossos antepassados.
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