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Artigos-->ELOGIO DA RAZÃO SENSÍVEL -- 29/07/2021 - 23:10 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

ELOGIO DA RAZÃO SENSÍVEL



João Ferreira



Julho de 2021



 



Há anos que tenho em minha biblioteca o livro “Elogio da razão sensível”, terceira edição da tradução portuguesa de Albert Christophe Migueis Stuckenbruck de Michel Maffesoli, edição Vozes de Petrópolis(2005). O livro foi publicado em 1996, em francês, com o título de “Éloge de la Raison Sensible” (Éditions Grasset et Fasquelle). O autor, Michel Maffesoli, é professor da Sorbonne.



Para uma pessoa que acompanha a pesquisa da composição física e psíquica do ser humano, este livro é uma boa leitura. Desde os gregos que os filósofos ao falarem do problema do conhecimento, questionam qual a parte  que cabe aos sentidos e qual a parte que cabe ao intelecto no acesso ao conhecimento das coisas, do universo e de nós mesmos. Nessa pesquisa, os filósofos estão divididos desde tempos imemoriais. Uns deram mais valor à psiqué e seus mecanismos como Platão e escolas neoplatônicas. Outros escolheram a via intermediária como Aristóteles que cautelosamente em sua obra “De anima” falou de alma intelectiva,  de alma sensitiva e de alma vegetativa. Várias correntes se dedicaram a inculcar  a preponderância dos sentidos no conhecimento. Historicamente o equilíbrio entre as correntes foi condensado naquele dito aristotélico gravado como pérola da sensatez pelos pensadores da Idade Média: “ Nihil est in intellectuquin prius non fuerit in sensu” – o que traduzido, soa assim: “Nada existe no intelecto que não tenha passado, primeiro, pelos sentidos”.Com Descartes em “O Discurso do Método” (1637), foi lançada a grande tese do racionalismo embora ele admita no “Princípios de Filosofia” (1644) que o pensar (cogitatio) é todo um conjunto que envolve não apenas a razão, mas os sentidos. O sistema racionalista se expandiu no século XVIII com o Iluminismo e com as várias escolas racionalistas alemãs. A partir do século XIX várias correntes filosóficas e estéticas reagiram ao excesso do racionalismo passando a defender posições intermediárias de composição entre intelectualidade e emocionalidade, ou aderindo simplesmente ao sensacionismo como fez Fernando Pessoa através de Alberto Caeiro.



“Elogio da razão sensível” que já  utilizei numa conferência que fiz na cidade do Porto, em Portugal, é um livro que interessa  muito a quem já percorreu a história da filosofia e leu a “Crítica da Razão Pura” ou a “Crítica da Razão Prática” de Emanuel Kant (+1804) e outras obras caracterizadas pelo discurso técnico e sofisticado. Em contraste com a epistemologia racionalista e teorias intermediárias da razão prática, Maffesoli elabora uma tentativa de composição entre razão e emoção buscando equilíbrio e modernidade.  O roteiro desenvolvido pelo autor é bastante didático. Começa por falar da razão abstrata para passar a ocupar-se em seguida da “razão interna”, que identifica com a razão vital ou orgânica. No capítulo IV desenvolve o que ele chama de formismo, teoria na qual está contida a forma social da razão. Como autor moderno, não deixa de dar atenção à fenomenologia, tocando a descrição, a intuição e a metáfora. No capítulo VI, o autor ocupa-se da Experiência, dedicando especial atenção à vivência e ao senso comum. No capítulo VII, com o título de “A Iluminação pelos sentidos”, Maffesoli defende a tese de que “o sensível não é mais um fator secundário na construção da realidade social. Ao contrário, “ numerosos são os indícios que acentuam seu aspecto essencial”, tornando-se um elemento central no ato do conhecimento.



João Ferreira



Julho de 2021



 



 



 


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