O SEGREDO DA UNIVERSIDADE
João Ferreira
12 de agosto de 2021
Não foi feliz sua Excelência o Ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, quando afirmou, num dos últimos dias desta semana, que "as universidades deveriam ser para poucos" e que o futuro está mais para os "institutos federais". À margem das palavras de sua Excelência, achamos oportuno fazer alguns comentários esclarecedores sobre a função e o valor das universidades que atuam dentro do sistema da educação brasileira. Comentário esclarecedores dirigidos aos leitores da Usinadeletras.
Antes de mais nada, diríamos que todos os graus da educação são importantes em sua contribuição na vida estudantil de cada cidadão brasileiro. Cada grau de ensino tem características próprias que devem ser compreendidas e respeitadas. A educação básica é insubstituível porque é a base de todo o sistema. O ensino médio é importantíssimo para o jovem em desenvolvimento, porque lhe oferece tanto a opção de se especializar como técnico ( e aqui entra a utilidade e função dos institutos federais) ou de se preparar para se candidatar ao estudo universitário. Por sua vez, a universidade é imprescindível como educação superior.
O chamado ensino universitário é representada não apenas pelas universidades propriamente ditas (federais, particulares laicas e particulares confessionais), mas também pelos centros de Ensino Universitário, Institutos de Ensino Superior, Institutos universitários de Pesquisa e Faculdades. A expressão que os unifica é "ensino superior".
Contra a banalização que por vezes se tenta introduzir para apoucar as universidades importa lembrar o conceito genuíno de Universidade e de ensino superior. A Universidade é uma instituição surgida na Idade Média. Reunindo mestres e alunos (universitas omnium magistrorum et scholarium: conjunto global de mestres e alunos),ao ser fundada, a Universidade criou um modelo de origem. Esse modelo consistia em pesquisar, ensinar e difundir o conhecimento, em nível superior. Ao definirem o caminho, mostraram que o conhecimento tem níveis e que pertence à Universidade perseguir os níveis mais elevados nos vários setores em que atua.Fica dito que "o chamado ensino superior" que tem como fronteira a apostilazinha sem mais, que não exige pesquisas apoiadas em metodologia científica e em formas exigentes própias ds educação superior, não é "ensino superior". O modelo universitário tem de estar sempre amarrado na cabeça de cada estudante e colado nas paredes das salas de aula e dos laboratórios não esquecendo nunca que o sistema universitário não atingirá os objetivos se não forem cultivados, simultaneamente , o ensino, a pesquisa e a extensão.
Cada instituição tem suas áreas de ensino, seus currículos e, nos currículos, as disciplinas, numa escala que vai de disciplinas teóricas a disciplinas práticas, a metodologias, sendo o ensino apoiado em pesquisa laboratorial, em centros de pesquisa, em bibliotecas, em centros de informática e outros meios modernos capazes de fornecer ao aluno os conhecimentos necessários para ser um profissional capaz e sério na sua área de atuação.
A Universidade não deve ser para poucos, e sim, para todos os que livremente se sentirem aptos a frequentá-la dentro das condições exigidas para acompanhar programas universitários. Não se deve brincar de universidade. Trata-se de coisa séria para cidadãs e cidadãos que a queiram demandar e estejam à altura das exigências da instituição para entrada. A universidade não é apenas para os grandes talentos. Ela se abre para todos os que querem se formar profissionalmente e adquirir seus títulos de bacharelado, licenciatura, doutotorado ou pós-doutorado, perseguindo metas de conhecimento.
O segredo da universidade é este: a busca do conhecimento através da pesquisa científica, do aprendizado metodológico em nível superior, e da divulgação dos conhecimentos em níveis avançados.
João Ferreira
12 de agosto de 2021
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