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Artigos-->A VOZ E A VEZ DAS VIRTUDES SOCIAIS -- 23/08/2021 - 12:40 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A VOZ E A VEZ DAS VIRTUDES SOCIAIS

João Ferreira

23  de agosto de 2021

 

Os tempos de descalabro político e de baixa na moral político-social são uma boa oportunidade para reflexões sobre a pertinência das virtudes sociais.

O momento brasileiro que vivemos aconselha-nos a realçar a importância das virtudes sociais. É notório que a maioria das pessoas se habituou a ouvir falar de virtude. Mas muitos pensam que virtude é artigo privativo de santos e heróis. E não é. Mas a crença de que falar de virtude é para santos e heróis contribuiu para impactar o  inconsciente coletivo sendo o cidadão comum levado a pensar por vezes que a virtude é apenas patrimônio privilegiado de santos e heróis. Queremos mostrar que a virtude tem uma ação muito positiva junto dos cidadãos e que sem virtude a vida dos homens torna-se mecânica, chocha e sem sentido.  Analisando o comportamento social em profundidade, verificamos que o homem tem necessidade de virtudes sociais tais como a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança, de um lado, e da fé, da esperança, e do amor acompanhado de fraternidade para se autossustentar.

As virtudes sociais

Mas o que são e quais são as virtudes sociais¿ Ao falar de virtudes sociais, a primeira coisa a fazer é esclarecer os leitores do que realmente se está falando.

Para isso, recorreremos, como sempre é aconselhado, aos ensinamentos que a sabedoria das nações e de nossos maiores nos deixou como patrimônio moral e cultural. Para sermos objetivos, diremos essencialmente que as virtudes  de que precisamos estão dentro das ambições sociais dos ideais de convivência, sociabilidade e tolerância. Esclarecemos que virtude é uma palavra derivada diretamente do latim (virtus) e significa força, capacidade, energia. Quando falamos de virtudes sociais, falamos de energias sociais básicas de autossustentação individual e social nas lutas pela vida. Quando recebemos o testemunho que atesta a enorme capacidade moral de muitas mulheres brasileiras chefes de família, ou simplesmente autônomas e independentes, ou a força moral de tantos homens chefes exemplares de família, tantos jovens que persistem em encontrar um lugar no futuro de suas vidas se entregando ao estudo, se especializando e apresentando novos comportamentos de luta, baseados na coragem e na persistência, ficamos com a prova na mão da eficiência das virtudes sociais como companheiras de viagem para a vida que cabe viver até ao fim. Mergulhando nas culturas antigas vamos encontrar nos gregos do tempo de Sócrates e de Platão o empenho em manter a sociedade ateniense dentro de uma paideia ou de um sólido espírito de educação e  formação . As bases dessa formação de espírito ou dessa paideia eram a virtude. Ter virtude significava para eles “ganhar uma forma espiritual”, ou uma força moral para se manterem dentro do ideal e do programa que cumpriam. Essa força chamavam-na, os gregos, de areté, que quer dizer virtude.  Alcançar a areté ou a virtude era, na paideia grega ateniense, um propósito de vida. Entre os romanos, a virtus era indispensável na vida pública segundo lemos nos tratados de Túlio Cícero e nas considerações morais de Epiteto e Marco Aurélio. Nas comunidades religiosas do Ocidente, a virtude tomou um lugar indispensável.

Virtudes sociais, sociedade laica, igrejas e religiões

Falamos aqui apenas de virtudes sociais, não de virtudes religiosas.  Mas acreditamos que às vezes as coisas se misturam  e se concentram misturadas na prática. Mas o que queremos defender, nesta exposição, é destacar a necessidade que cada cidadão tem de se estruturar espiritualmente para elevar sua vida baseada na coragem, na retidão e na seriedade. Nesta tarefa, que cabe a cada cidadão, é muito importante saber se cultivar interiormente. Cabe a cada pessoa que deseja ser autônoma buscar o conhecimento e a informação que podem dar um sentido superior a  sua vida. Embora laico, constitucionalmente, o Estado brasileiro, respeita as escolhas de seus cidadãos. Cada cidadão está no meio de uma convergência de forças que podem concorrer para o iluminar, ilustrar e formar. Entre essas forças, estão as igrejas. Teoricamente elas são portadoras de um ideal elevado inserido em suas mensagens bíblicas ou pastorais. Isto é positivo. É bom ver as igrejas e as religiões auxiliando os jovens, os casais e as pessoas, em geral, na busca de orientação para a vida. Por outro lado,  é bom também, ao mesmo tempo, que o cidadão não se envolva com igrejas ou religiões fundamentalistas, tendo em vista que o fundamentalismo representa radicalização. O fundamentalismo não respeita as opções tanto do indivíduo quanto das sociedades na ampla escala de opções que aos mesmos são oferecidas.  Cidadão precavido, foge de igrejas sectárias e politizadas que em troca de interesses terrenos deixaram se contaminar por apoios políticos que tiram à igreja toda a sua credibilidade religiosa e civil. A grande característica das igrejas é elas serem vistas como mensageiras da fé, do bem e da doutrina religiosa de características universalistas. Ao se manifestarem como universalistas, as igrejas passarão a ser demanda de todos os cidadãos. É uma nódoa a atuação de certas igrejas  que aceitam compromissos e engajamento com poderes políticos interessados nos votos de seus fiéis.

As virtudes teologais e as virtudes cardinais

Em nossa vivência social constatamos a evidência de que as pessoas têm sua fé. Juntamente com a fé, conclamam a esperança. Juntamente com a  fé e a esperança, conclamam o amor. Como se sabe, o trio  da fé, da esperança e da caridade (ou amor) constitui o que o catecismo tradicional chama de virtudes teologais. Ao lado da fé, esperança e caridade ou amor, as pessoas precisam de outras virtudes. Ou seja,  precisam de forças para se manterem vivas e operantes em sua luta existencial. As pessoas aspiram a viver numa sociedade justa. E, por isso, apelam para a justiça social. Assim como apelam para a justiça distributiva que deve ter em conta as desigualdades sociais.  De igual forma, apelam para a justiça dos homens nos julgamentos e para a justiça divina quando observam os limites da justiça dos homens. Por outro lado, as pessoas também reclamam da necessidade de outras virtudes. Dizem que o ser humano deve ser prudente. Deve pensar na consequência de seus atos antes de agir. Deve ser prudente em julgar os outros. Não difamar, não injuriar, não caluniar. Prudência na sua vida financeira e não deixar seu lar a descoberto. Contenção em suas contas é uma virtude da prudência. Mas há outras virtudes exigidas socialmente. Quando as pessoas se juntam e vão a um churrasco ou a uma festa há muitas vezes aquele que abusa, come demais ou bebe demais. Tem que tomar medicamentos para remediar seus incômodos de estômago. A temperança é a virtude que segura estes abusos. Tal como  no campo social e moral deve ave haver temperança nas palavras dirigidas aos outros ou na avaliação de comportamentos alheios. Finalmente, outra virtude social deve ser realçada: a  fortaleza. Sim, a fortaleza. Esta é a grande virtude moral que leva o ser humano a se segurar na luta pela vida. Ser forte é resistir, é lutar, é continuar no momento de crise, é insistir quando falta emprego ou dinheiro, quando se é desempregado, quando se separa, quando acaba um romance, quando se é reprovado numa prova ou num exame. Ser forte é necessário. É uma virtude moral, um exemplo e uma forma de mostrar aos pusilânimes que a vida merece tudo, sobretudo quando há filhos, crianças, mulheres-chefes de família ou mulheres maltratadas por maridos, namorados ou ex-maridos e ex-namorados.

No fundo, falar de prudência, justiça, fortaleza e temperança é falar das quatro virtudes importadas da cultura grega do século V-IV a. C., e que tradicionalmente se chamam de virtudes cardinais. São cardinais, porque são fundamentais. São indispensáveis para uma sociedade adulta e estabilizada assim como  para uma sociedade em formação.

Virtudes são forças.  Forças morais, forças espirituais. Ninguém pode dizer que não precisa dessas forças. Se alguém quer ser forte, autônomo ou autônoma, bem sucedido ou bem sucedida, sem conflitos maiores, que reflita sobre isto. E acolha em seu programa de vida, as virtudes redentoras da fé, esperança e amor, de um lado; e, de outro, reforçando, as virtudes ou os apoios da prudência, da justiça, da fortaleza e da temperança.

 

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