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cronicas-->Vestibular -- 09/01/2003 - 16:34 (Tiago Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Vestibular (Tiago Xavier - 09/01/2003)

Tivemos aqui em Londrina uma temporada de vestibular, o que faz com que a cidade fique um caos. Estudantes de todos os lugares do país procuram fazer prova para ingressar na UEL pelo motivo da prova ser relativamente fácil. A maioria de vestibulandos de fora da cidade é proveniente do estado de São Paulo. Os lucros com hotéis, pousadas ou pensões chegam a dobrar nesta temporada se comparado ao resto do ano. A cidade inteira ganha com isso: comércio, transporte, alimentação e várias outras formas de prestação de serviços.
Todos tem seus proveitos, com exceção de minha digníssima pessoa. Não ganho nada com esses futuros calouros aumentando a densidade demográfica da minha cidade num curto espaço de tempo. Antes que alguém me dirija palavras afrontosas, eu vou tentar me explicar.
Meu meio de transporte são meus pés e o ónibus. Uma voz de dentro do meu bolso me impede de comprar um carro. Quando tenho de me locomover a uma longa distància, o coletivo é a solução mais viável, visto minha imensa preguiça em caminhar. Porém, com tantas pessoas de outras cidades, os ónibus vivem lotados e nunca encontro um lugar onde possa me sentar. Tenho enorme preguiça de ficar em pé no lotação.
No terminal urbano, parada obrigatória para todos os circulares, as pessoas devem entrar pelo lado de trás pois estão com suas passagens pagas. Eu me encontrava no ónibus da linha 213, todos os lugares estavam ocupados e fazia um calor de agradar ao diabo, quando duas garotas entraram pela parte da frente. Deduzi que elas não eram de Londrina. Um rapaz que estava no lado de trás, chamou uma das garotas e perguntou de que cidade elas eram:

- Somos de Rio Branco, interior de São Paulo.
- Notei que são de fora. Apenas idosos entram pelo lado dianteiro do ónibus.
- Sério? Por quê ?
- Por não precisarem pagar a passagem.

O rapaz olhou a garota da cabeça aos pés. Elas vestiam blusinha curta, cinturinha de fora e decote à mostra. Eram lindas garotas adolescentes. Depois dessa análise na anatomia das garotas, ele falou:

- Pelo que vejo, vocês não são nem um pouco idosas
- Obrigada, você é muito gentil.
- Saiam e entrem pelo lado de trás, se não quiserem pagar outra passagem.

Elas fizeram o que lhes disse o rapaz. Entraram novamente no ónibus, desta vez pelo lado exato, e ficaram conversando animadamente. O papo não variava. Oscilava entre professores de cursinho e danceterias badaladas. E eu continuava em pé, Ouvindo aquelas baboseiras. Apenas me senti aliviado quando chegou meu ponto. Desci e fui espantar o calor com alguns amigos tomando uma cerveja gelada num barzinho onde alguns músicos tocam bossa nova.
Chegando a esse bar, que sempre frequento, fiquei espantado. Meu bar estava lotado por um bando de gente que eu nunca havia visto. Eram vestibulandos que acham que entendem de samba depois de ouvirem duas ou três músicas do Paulinho da Viola.
Alguns amigos me esperavam, tomando cerveja e conversando, todos muito espantados com aquilo. Enchi meu copo, pedi uma Caipirinha e fui falar com Dona Cássia, a dona do bar. Ela estava felicíssima, faturando mais do que nunca havia faturado durante o ano. Mesmo assim ela me disse:

- Nessa época meu bar perde o costumeiro encanto.
- Verdade. Mas daqui três dias, tudo volta ao normal.
- Espero que o encanto volte e o movimento continue.

Fui para minha mesa, sentei, bebi e conversei, como faria em dias normais. Um amigo comentou comigo que, de uma coisa eu não posso reclamar nessa temporada. As vestibulandas dão um certo charme à cidade. Com suas formas e suas cinturinhas que vão pra lá e pra cá.
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