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Cartas-->Para Dhyan Firdauz -- 21/05/2001 - 02:41 (Fernando Tanajura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dhyan,

Que prazer receber sua carta esclarecida e firme. Nada de pedir desculpas nem pensar que vamos polemizar assuntos tão importantes. É trocando idéias que a gente compreende melhor este mundo louco em que vivemos. No artigo De crise em crise não prentedi, de nenhuma maneira, dar soluções aos problemas econômicos e sociais brasileiros, não por falta “de coragem” nem pela incerteza “de quem quer contribuir com a evolução do globo”, mas por falta de conhecimento sobre os assuntos. Como bem afirmei, sou suspeito em falar sobre o problema das crianças de rua, que não é só um problema brasileiro e sim de muitos dos países chamados de Terceiro Mundo, Subdesenvolvido ou Em Desenvolvimento - veja a Colômbia, o Peru, o México, a Índia, a Argentina e tantos outros que também enfrentam o mesmo problema. Questiono muito não só essa chaga mas muitas outras. Respeitando seu ponto de vista, apesar de discordar, acho que o problema não é tão simples como você colocou, que só depende da “vontade política dos dirigentes da nação”. Daí vem muitas implicações: porque não existe a vontade política em tantos anos e em tantos lugares? Falta de consciência? Falta de pressão da sociedade? Falta de educação?... Surgem daí mil perguntas. Será que os políticos são tão cruéis, tão despreparados, tão frios, tão sadistas que não querem modificar o status quo? Perdoe a minha ignorância, mas dá nó na minha cabeça. Penso que a vontade política não é inerente dos políticos e não podemos esperar que eles tomem a essa iniciativa de per si e sim elas - vontade e iniciativa - nascem da pressão dos eleitores, daí volto ao ponto do envolvimento da sociedade, da cobrança dos eleitores aos eleitos. Acho que é aí que vamos encontrar o fio da meada. Se os eleitores cobrarem ou derem a resposta nas urnas, os políticos tomariam outra postura. Vem aí a questão da consciência, da maturidade e do exercício da cidadania de um povo.

A minha colocação histórica dos problemas em foco talvez tenha sido influenciada pelos meus estudos recentes: ando pesquisando textos brasileiros da virada do século XX e estou lendo [e estudando] o livro As Barbas do Imperador, de Lilia Moritz Schwarcz (Companhia das Letras, 623 pgs), um tomo volumoso, cheio de pesquisas e muitas informações sobre o Segundo Império. Neles (textos e livro), repetidas vezes, existem situações de 150 anos atrás que caberiam direitinho nos dias atuais. Outro dia recebi também de um poeta amigo alguns textos do Padre Antonio Vieira que pareciam textos da revista Veja dos nossos dias. A própria Veja citou há algumas semanas em seu editorial o conhecido texto do Ruy Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades...” escrito há mais de um século. Aí, amigo, fico a perguntar: o que está acontecendo que as pessoas não se tocam? Se sabem onde está a solução, porque não consertam? Será que é mais excitante viver em estado de terror, com violência, com casas cercadas de muros altos como fortalezas, com guarda-costas e alarmes, com medo de ser assaltados, sem segurança? Será que é melhor essa divisão - Casa Grande & Senzala, Corte & Povo, Ricos & Miseráveis? Onde encontramos a razão? Tenho acompanhado pela net a situação atual do Brasil e todo o caos político em consequência de violação do painel do Senado, da CPI da corrupção, dos escândalos do banco Marka, da SUDAM, ranário, apagão, crise de energia e otras cositas. Muita gente tem escrito textos maravilhosos, lúcidos, competentes, inteligentes que destilam bom senso e maturidade. Se eu, como simples leitor mortal, tenho acesso a essas informações, como os profissionais da administração pública que também têm acesso a essa e outras informações não se tocam? Meu amigo, desculpe eu alugar o seu tempo, mas são perguntas que me faço sem encontrar respostas.

Por fim, concordo com o seu ponto de vista que se tem que encontrar uma metodologia para atacar os problemas, talvez aí é que esteja o x do problema e vejo que não será com um simples aperto de botão que irá se iniciar o processo. Vejo que mais seria uma “mudança de mentalidade” de um povo ou dos habitantes deste planetinha tão conturbado.

Volte sempre a escrever. Gosto de um bom diálogo lúcido e inteligente.

Tenha um bom domingo.
Abraços
Fernando




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