Este fato aconteceu há algum tempo, na época em que não existia o tal de sexo virtual e outras coisas do gênero. Grande festa de igreja na cidadezinha. Barracas de bingo, tiro ao alvo, pescaria, vendas de brinde... Um sujeitinho magro, com cara de sacristão, ia abordando os grupos de rapazes. Chegava de mansinho, como quem não quer nada e soprava: tenho aqui uma rifa pra macho! Prêmio-surpresa! Curiosos, os rapazes queriam saber do que se tratava. Com ar de safado, o magrinho apontava o beiço na direção de uma tremenda morena que auxiliava na barraca de bingo:
- Olha ali o prêmio! O feliz ganhador vai ter duas horas com aquele monumento, nos fundos da sacristia.
Claro, todos duvidavam. Não era um prêmio, como direi?, muito comum em festas de igreja. O fulaninho argumentava: é coisa da congregação, a morena concordou, pois precisamos de dinheiro urgente. Deus me livre que o padre saiba disso. E assim - será ou não será? - acabou enchendo umas três ou quatro folhas da tal rifa.
- O prêmio corre à tardinha, não esqueçam!
O tempo passou, e nenhuma notícia sobre o certame. O "cara de sacristão" parece que havia sumido. Furiosos, alguns começaram a gritar: e a rifa? Queremos a rifa!!
Achando que se tratava da rifa de suas mimosas toalhinhas, a beata Antonomásia foi ao microfone e anunciou: tenham paciência, logo, logo, algum felizardo terá em mãos seu valioso prêmio. Animados, os rapazes respondiam em coro: viva!
Mas foi chegando a noite e nada acontecia. Um dos jovens, mais afoito, foi tirar satisfações com o próprio prêmio, ou seja, a retumbante morena. A moça se indignou, chamou o namorado... Não fosse a presença do padre, a festa ia acabar na maior pancadaria. No dia seguinte, o faxineiro encontrou a enorme lista de nomes numa lata de lixo. Gaiato, pendurou-a na porta da igreja. Nunca houve, na cidade, tanto rompimento de namoro, e até duas ou três ameaças de divórcio. O quê, caro leitor? O que houve com o cara de sacristão? Sei lá! Até hoje estou procurando o desgraçado!
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