MERCADO DA CIDADE
Renato Ferraz
Mercado público municipal
Vende-se de tudo nesse local
Quase sempre é uma tradição
Que passa de geração a geração
Em geral, tudo ali é mais barato
É estressante, mas não é chato
Tem gente para lá e para cá, de todo tipo
Dos ambulantes só se ouve o grito
Há também o local da comida e da bebida
E os bêbados com aparência mal dormida
Alguns clientes chegam logo bem cedinho
Alegam que sentem falta daquele burburinho
Anuncia-se café, sopa e cuscuz com bode assado
Mas o pastel com caldo de cana é o mais solicitado
Certo dia “jambre” (jambo) me ofereceram
Eu comprei mesmo assim e meus filhos comeram
O vendedor anunciava a sua mercadoria
Vendia colchas e sua propaganda fazia
Uma senhora na mesma hora ovos ofertou.
O homem quando a viu, a reconheceu e falou
É, a senhora outro dia nos ovos me pegou
Mas deixe para lá, aquele dia já se passou
Ela devolveu, o senhor não se faça de trouxa
Lembra que também me pegou nas colchas?
Um rapaz vendia cordas e tocava uma buzina
Olhe a corda em promoção, a grossa e a fina.
A grossa é melhor, o teste é a sogra amarrar
A fina também amarra, mas ela pode se soltar
A música brega ali é a mais tocada
Fala-se de tudo, inclusive da mulher amada
Os assuntos mais abordados são paixão e ilusão
Ou seja, o órgão mais sensível é mesmo o coração
Alguns clientes preferem na hora da xepa aparecer
Fica tudo mais barato e a ordem é vender
Oferecem milho verde, ovos e macaxeira
O preço baixo é ilusão, se não tiver bom, não queira
No quiosque que vende folhas, raízes chá milagroso
O vendedor dá a solução para o problema sexual do esposo
Tem mercados limpos e até mais organizados
Outros que estão precisando de maiores cuidados.
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