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Cartas-->Recordações recentes da sua presença -- 28/01/2003 - 16:26 (William Henrique Pereira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Recordações recentes da sua presença

Eu não entendo direito quase nada do que ocorre à minha volta
Eu não enxergo bem
Não consigo ver como todos os outros vêem, e nem quero, também
Tudo o que eu quero se resume a uma palavra de poucas letras que formam o nome de alguém
Mas é tão grande, ao mesmo tempo, que fez explodir meu coração que não te tem.

Foi no último ano que a boca impiedosa da paixão me seduziu e eu caí pelos cantos sem rumo da desilusão, pois é assim que eu fui, desiludido, se é que já não sou mais. O meu ser ficou então abismado, retorcido pela dor de estar apaixonado e aos poucos ir percebendo que rumos tomam o sentimento, quais não são os perigosos caminhos a que a paixão pode levar assim como o álcool e os vícios nos fazem. Falei muitas vezes com aquela que haveria de me ajudar a atingir meus anseios, aquela que era a amiga da dona do encanto. E mesmo assim a dor era mais forte que a coragem e a vontade, o transtorno só veio a acabar quando afinal lá estava eu tocando docemente e enlouquecido os perfeitos e lindos lábios dela, sob a noite, e pude então, ao menos uma vez por breves momentos, ter a atenção e a boca da ninfa de ouro que me deixou extasiado, eu pisei no limbo por breves momentos, mas logo ela me disse que não poderia, não seria o mais acertado a se fazer, ou então por simplesmente não querer, por meu amor não corresponder, ela se foi tão rápido quanto chegou, eu tentando entender, e foi então que eu acordei, estive sonhando. Não houve uma segunda vez, porém considerei mandar flores a ela, e ela apreciaria, mas somente as flores, e não quem as mandou, e então eu soube pela primeira vez com certeza que jamais iria pode-la esquecer aconteça o que acontecer.
Mas o ano se acabou e esperei para ver aonde iria me levar o vendaval de coisas que se acumulavam ao meu redor.

Foi bom esticar as pernas por um tempo e deixar o vento soprar um pouco
Olhar a água que caiu do céu tarde após tarde,
Sem nenhum alarde
O tempo fez a sua parte, e no asfalto já parte, escorrendo, a chuva pra baixo dos bueiros da cidade, mas que que adianta, aqui dentro estou ensopado até os ossos, um soluço entalado na garganta, tremendo e espirrando, minhas lágrimas inundaram meu quarto.
Flutuei nas salgadas lágrimas até ir parar no hotel que é o paraíso e é o inferno ao mesmo tempo. Havia aqueles que estavam também feridos, e haviam aqueles que queriam ferir pois tinham também sido feridos em algum momento pelos mesmos que pensam estar ferindo aos outros com alguma justiça e que portanto estão de consciência limpa. Conheci umas breves futilidades que não me serviram para nada e nem ao menos me fizeram esquecer o que não se pode esquecer.
Então eu fui embora, como todos os outros enfim, encontrar o lugar certo pra mim, pois quem sabe assim, o clima me traz uma brisa morna e logo pensei que tivesse esquecido daquele beijo perdido, tanto que a maré me trouxe inesperadas águas distantes, de todos os lugares, lindas águas perfumadas, e de todas as cores, loiras, morenas, ruivas e cheias de malícia, eu mergulhei fundo sob o sol de Fevereiro, nu por inteiro, e por uns meses me tornei o puro sorriso iluminado, me encontrei eu ao lado de uma companheira que, se demorasse mais para chegar talvez tivesse que me enterrar, e eu não só melhorei, como tentei esquecer, e aprendi uma série de coisas e descobri que dentro deste peito há um poeta que de vez em quando se levanta e produz algumas obras de arte, porém ele logo pára porque lhe falta um pedaço do coração.

E somente em Junho a verdade se revelou, bati a cabeça no fundo do oceano pensando ter encontrado a Atlântida, mas era só o chão, aquele brilho que eu via de longe não era ouro, era um reflexo que o sol fazia lá no fundo do mar, e quando vi era tarde demais, muito fundo, minha companheira sorria sadicamente entre seus feitiços e livros e me acenava e sorria por trás da máscara de oxigênio, que eu não tinha, e eu não tinha mais fôlego, era longe demais onde eu tinha estado, desiludido. Tentei subir mas o sangue já apunhalava minhas vias respiratórias, a água ficou turva, vermelha e eu desmaiei sem saber de mais nada.
No final de Junho acordei na areia e só acordei porque o sol que me cobria estava mais próximo da Terra do que nunca, assim como o perfume que vinha da areia só podia ser o dela, mas eu ainda relutei em aceitar, eu não podia acreditar, deveria estar morto mas de alguma forma estava bem e bem no meio do oceano.

E num barco chegou o aventureiro da desilusão meu único amigo, aquele que tinha se isolado para sempre, com suas barbas e cabelos, e ele falou comigo. Então meu amigo disse assim que maldito era aquele que ousava admitir a existência do amor, ele disse “O amor está morto e não existe”, assim como ele não acreditava na poesia e em Deus de forma alguma, e ao que eu lhe respondi “eu não sei de nada ao certo, me faltam provas, mas em uma coisa eu preciso acreditar, meu amigo, e é na beleza da paixão, esta que me salvou da desilusão, e, se você a visse, por uma só vez, haveria de comigo concordar”. Ele perguntou para mim como eu podia dizer aquilo se o meu amor estava tão longe e nem sequer falava comigo havia tempo, e eu respondi a ele que apesar de longe assim, a simples existência dela era o que me salvava.
Ele se foi e então eu me levantei no calor da areia, e aquilo me aqueceu tão inesquecivelmente que senti a chance que estava tendo, me veio crescendo uma certa certeza certeira de que eu só desejaria uma só coisa pra sempre, só essa pequena coisa misteriosa que faz um tempo que não vejo, esta pessoa, está em algum lugar não muito longe de mim, e está de mãos dadas com a beleza e com a intuição, e no entanto aqui dentro ela é forte de tão apaixonante, tão forte que meu coração nunca mais vai se fechar novamente, ele vai estar derramando essas lágrimas de sangue que vão continuar me afogando até o dia em que o calor da pessoa que lê estas tristes linhas chegará e secará de uma vez por todas toda a água deste maldito mar que se fecha ao meu redor, e então eu respirarei sua própria essência, pois terei descoberto, assim, o amor.


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