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Cordel-->Cordelando com Marina - 3 -- 21/12/2004 - 11:50 (Airam Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cordelando com Marina – 3
Por Airam Ribeiro 13/11/04

Com um mestre de ciência
Não estás a cordelar
Também sou um aprendiz
Muito tenho que estudar
São vinte as regras de cordel
Tô longe de ser menestrel
Um dia chegaremos lá.

Amiga vós sois culta
Seu cordel está bem feito
As palavras bem colocadas
Encaixando bem direito
Farei meu comentário
Sobre o dicionário
Não te fiz um desfeito.

Acontece que em casa
Tem cinco igual a este
Pensei que gostaria
Ganhar um presente deste
Não fique de orelha empinada
E nem também intrigada
Na preocupação me meteste!

Suas palavras são corretas
Seu português está bem
Igual a você Marina
São poucos que ainda tem
Não vamos a esta porfia
Você faz com primazia
E com perfeição também.

Realmente eu vivo sim
Muito bem e satisfeito
Pois a esposa pra mim
Deus mandou no jeito
Que a Ele eu pedi
E quando casei resolvi
Viver um amor perfeito.

Não precisa muita coisa
Para agente viver bem
É só ter respeito
A pessoa que quer bem



Ter respeito e honestidade
E usando de lealdade
Só isso a nós convém.

Falando neste assunto
Agente não pode calar
Também sei que aí na roça
Não namora só o luar
Tem um rapaz afundando
A estrada que está passando
Para poder te encontrar.

Foi sua amiga que me disse
Mas pediu pra não citar
O nome dela no cordel
Foi só para brincar
Pro seu pai vou fuxicando
Pra ele logo ir apertando
O Girlândio pra casar.

Quero que fique sabendo
Que gostei de saber
Os nomes de suas irmãs
Para na memória ter
E estando na mente
Um dia pessoalmente
Gostaria de conhecer.

Agora para você
Falarei da família
Jocélia é a esposa
Uma mulher maravilha
Isis, Anne Hugo e Caio
São frutos de ensaios
Do dia que o amor mais brilha.

Isis nasceu primeiro
Mais de vinte ela tem
Os outros já citados
Nasceram aqui em Itanhem
Três são maiores de idade
Que me dá muita saudade
Porque eu os amo também.

Minha mãe está longe
Em Brasília ela mora
Tem lá seus oitenta anos
Mas é uma bela senhora
Quando o natal chegar
Eu vou correndo pra lá
Abraçá-la sem demora.

Morei lá quinze anos
Deixando os manos pra trás
Vim pra Bahia passear
E não voltei nunca mais
Todos bem empregados
Só não muito letrados
Mas viver bem já satisfaz.

Meu pai saiu de casa
Treze anos eu estava
Fui ser arrimo de família
Para ajudar na casa
De engraxate e jornaleiro
Eu ganhava um dinheiro
Só à noite eu estudava.

Formei-me em Brasília
Fiz contabilidade
Naquela época nem pensava
De largar aquela cidade
Mas Deus fez o meu plano
Vou te contar os meus anos
Cinqüenta e seis de idade.

Vou aqui desfazer
Às vezes dizemos besteira
É sobre o peru briguento
Que eu disse por brincadeira
Deixa ele em seu quintal
Pois não estarei aqui no natal
É palavra verdadeira.

Vou agora comentar
Onde está localizado
O meu pedaço de chão
Que a mim foi confiado
Deus me deu este presente
Deixando-me contente
No dia que foi comprado.

Há trinta e dois quilômetros
Não muito longe de Itanhem
Fica entre a Santa Rita
E Vila Resende também
Perto de João vaqueiro
Ser um grande companheiro
É a qualidade que tem.

Lá tenho um gadinho
Por isso só tem capim
Tem também uma matinha
Onde cheira o jasmim
Canários e sabiás
Tem pras banda de lá
Todos a cantar pra mim.

Tem uma cachorra parida
Mas o filhote já cresceu
Tinha também um periquito
Cujo o gato comeu
Eram amigos demais
Mas um dia o satanás
Por lá apareceu.

E o periquito então
O gato se alimentou
A dona da vitima até
De saudade chorou
Lá tem uma represa
Que é uma beleza
Só o peixe é que acabou.

Uma coisa lhe digo
Lá não tem um pomar
Não foi por não ter plantado
Ainda vou te explicar
Empregado de hoje em dia
Só gosta de mordomia
E nada de trabalhar.

Há dez anos atrás
Fiz um grande pomar
Com bananas, pés de coco
Laranja e maracujás
Pêssego, jambo e limão
Mil pés de café então
Que eu mesmo fui plantar.

Manga, abacate e pitanga
Tudo isto eu plantei
Com carinho e amor
O tempo eu esperei
Levei pra lá formicida
Da formiga era a comida
Mas me decepcionei.

As formigas foram roendo
O veneno embolorando
E lá no canto do quarto
Jogado ele foi ficando
Não liguei mais pro pomar
E vendo ele acabar
Eu fui me desgostando.

De tudo isso que citei
Só resta um pé de coqueiro
Tudo foi por terra abaixo
Pra dentro do formigueiro
Terra? Só com o dono dentro!
O peão não tem itento
E só pensa no dinheiro.

Lá tem cinco nascentes
Onde começa o rio brejão
Rio mesmo lá não tem
A serpentear pelo chão
E os meus extremantes
Falo-te num instante
Pois chegou a ocasião.

A leste com Zé Baiano
Ao sul Ciro Machado
Ao norte com João Vaqueiro
Só fica faltando um lado
Que é o oeste então
Que extrema com Paixão
Cabra muito educado.

A área são três alqueires
Que parece até mil
Pois ela suja demais
Muito dinheiro já sumiu
Não foi uma terra herdada
Ela só foi comprada
Pelo Banco do Brasil.

Por um plano pró-terra
Há vinte anos atrás
O pequeno trabalhador
Hoje não compra mais
Só com ajuda do banco
É que teremos nosso canto
Porque ela subiu demais.

Falei um pouco de mim
Das coisas que Deus me emprestou
Ainda resta muita coisa
Que agente não comentou
Muito tempo iremos ter
Daí fala você
E eu falo donde tô.

Pois é amiga minha
Por aqui vou ficando
Depois que receber o seu
Outro vou fabricando
Abraços a sua mãezinha
E em Manoel Capanguiinha
São os que estão no comando

Um abraço em Patrícia
Para não perder o costume
Fiquem com Deus e a lua
Trazendo pra nós o lume
E num galho no quintal
Faça uma árvore de natal
Com pisca-pisca de vaga-lumes.

----------------------------------

Cordelando com Airam – 3
Por Marina – 24/11/04

Amigo se lhe meti
Alguma preocupação
Sobre o dicionário
Não foi minha intenção.
Gostei mesmo do presente
Foi brincadeira inocente
Aquela interrogação.

Desfeito não me causou
Já está encerrado
Este pequeno assunto
Por hora está explicado.
Não sinta se ofendido
Faço-lhe este pedido
Fique despreocupado.

Da perfeição tô longe
Tenho muito que aprender
Todo tanto é pouco
Extenso é o saber.
A vida é uma lição
Que necessita atenção
Para se compreender.

Aliás, por falar nisso:
Você vai ter que contar
Quem foi a dita cuja
Que foi aí fuxicar
Pregando-lhe um cartaz
Sobre este tal rapaz
Que está a me encontrar.

Confesso nem eu sabia
Esta foi até surpresa
Mas agora amigo,
Ponho as cartas na mesa
Minha caneta não mente
Esta lorota é quente
Tenha esta certeza.

O povo não agüenta
Ver a pessoa quieta
Quando desdobra a língua
Não sai nada que presta



Inventa um futrico
Fazendo reboliço
Assim é coisa certa.

Deixemos este ponto
Noutro vamos avante
Lendo então seus versos
Achei interessante
Sua história de vida
Em linhas resumidas
Tudo emocionante.

Disse grande verdade
Sobre o empregado
Peão de hoje em dia
Ta desinteressado
O salário ta ruim
Fica pensando assim
Querendo bom ordenado.

Assim o camarada
Da sua propriedade
Esquecendo do quintal
Deu prova da verdade
Do pomar se descuidou
A formiga carregou
Tudo sem piedade.

Este cabra folgado
Pensando só no dinheiro
Não deu conta de matar
A formiga no terreiro
Arriscou-se o danado
De também ser carregado
Para o grande formigueiro.

Só assim aprenderia
Fazer bem o mandado
Mataria o inseto
Mudando o resultado
Vingaria o pomar
Que você foi lá plantar
Com todo seu cuidado.

Airam a sua visita
Bastante nos alegrou
A cafezinho puro
Conosco você tomou
Agora cê trás seu par
Venha aqui almoçar
Pois o patrão convidou.

Será uma coisa boa
Venha provar do feijão
E falar mais um pouco
Da vinda lá do sertão
Traga esta alegria
Vindo aqui um dia
Com sua esposa então.

Você naquele dia
Falou do pau-de-arara
De um tempo perdido
Que outro não separa
Cicatrizes da vida
Mostrando a ferida
Dessas que nunca sara.

Cada um neste mundo
Carrega o seu fardo
Uns sustêm a fortuna
Outros só desagrado
Mas Deus é o Criador
Conhece toda a dor
De seu filho amado.

Um pouco da minha vida
Ainda vou lhe contar
Agora chegou a vez
Contigo não vou falhar
Aqui dentro da memória
Está toda a história
Dos anos que vi passar.

Formei em magistério
Após tal ocasião
Viajei pra capital
Com aquela intenção
De por lá mesmo ficar
Um trabalho arrumar
Essa foi a condição.

O trabalho arranjei
Cumprindo o meu anseio
Em Belo Horizonte
Morei um ano e meio
Apesar da multidão
Naquela agitação
Nada me deu receio.

Mas cê sabe amigo
Deus é quem faz o plano
Quem ta ciente disso
Sabe não tem engano
Só sentia me apertar
À vontade de voltar
Naquele mesmo ano.

Estava bem empregada
Naquela grã cidade
Estava muito certa
Desta realidade
Mas veja só no que deu
Não coube no peito meu
A enorme saudade.

Da idéia não saia
À vontade de ficar
Mas o coração pediu
Não o quis contrariar
Pensei na maravilha
Em rever a família
Então resolvi voltar.

Perdi uma das irmãs
Claudia era seu nome
Esta lembrança forte
Da cabeça não some
Vi a última hora
E a morte senhora
Que os todos consomem.

Era ainda jovem
Uma adolescente
Tinha quatorze anos
Quando infelizmente
Deus quis a levar
E dela aliviar
Aquela dor pungente.

Foi há dez anos atrás
Ainda me lembro bem
Aquela situação
Que nos fez sofrer também
Uma menina louçã
Tão linda minha irmã
Um anjo igual não tem.

Nasceram cinco filhos
De meus pais a geração
Cláudio foi o mais velho
O meu único irmão
Agora somos só três
O Cláudio teve sua vez
Mas Deus levou-o então.

Estas são grandes perdas
Que mexem com a gente
Só quem já perdeu alguém
Sabe a dor que sente
É complicado falar
Sem conseguir expressar
A face comovente.

Findo meu comentário
Sobre o que se passou
Você daí ta ciente
Do que também comentou
Lembranças á família
Aos que estão em Brasília
Um abraço também dou.

Portanto amigo meu
Quero lhe aconselhar
Que tente mais outra vez
Fazer um novo pomar
Leve a formicida
Para ser a comida
Da formiga carregar.
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