Olho para o relógio do computador e noto que são nove horas da manhã. Abro a cortina da janela à minha frente e os raios de sol entram pelo vidro, lambendo meu rosto. Percebo que lá fora está um lindo dia, de um céu muito azul. Fico sentado em frente à tela, estático, imóvel mesmo. No entanto, meu olhar está lá fora, olhando o dia com aquele sol da manhã maravilhoso. Está tudo muito silencioso. Ouço, apenas, um pássaro cantando ao longe.
Volto a olhar para o trabalho no computador. Mas, aqule canto me chama a atenção. Então, continuo parado, assuntando. Logo, uma sensação gostosa me invade a alma: a sensação de, tão-somente, ficar quieto, em silêncio; unicamente, escutando. Nunca havia sentindo um aprazimento tão grande com só um cantar de pássaro.
Não sei quanto tempo fiquei parado. Parece ter sido um bom tempo, pois, quando olhei de novo para o computador este havia enegrecido a tela, a espera de que eu tocasse em suas teclas ou em seu mouse. Foi aí que pensei: que conflito esse?! Pássaro versus computador; silêncio versus trabalho; agitação versus quietude.
É isso mesmo!...
Nós ficamos horas e horas em frente a uma máquina, Ã s vezes trabalhando, Ã s vezes distraídos, e não vemos a beleza e o bem-estar do silêncio. Do simplesmente olhar um nascer ou um pór de sol. De um olhar as nuvens. Ou de um ouvir o cantar dos pássaros. Quando digo em frente a uma máquina pode, também, ser outra coisa: uma mesa de escritório, um fogão, uma televisão, um jornal, etc., etc.
Tudo isso porque não temos tempo a perder.
Por causa dessa idéia de que devemos correr é que se inventou o computador, uma máquina que, na verdade, "veio resolver os problemas que antes não tínhamos".
Por exemplo: antes, não tínhamos problemas com o tempo. Entretanto, foi para isto que veio o computador: para resolver a falta de tempo que antes não tínhamos, mas agora temos. Não tínhamos problemas de comunicação, e o computador veio resolver esse problema. Agora, passamos horas na sua frente, esperando completar a conexão de nosso provedor, ou recebimento de mensagens em nosso correio eletrónico.
A realidade é que quando passamos horas a fio na frente de um computador, estamos perdendo tempo; perdendo tempo de ver o que há de mais precioso: a vida, que, por sinal, o tempo leva bem depressa.
Bem...depois de ficar um bom tempo cismando, resolvi: desliguei o computador e continuei ali, escutando a doce melodia daquele pássaro, olhando para aquele dia claro de sol e para o azul límpido do céu.
Jefferson Carvalho
bsbab345@zaz.com.br
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