Se de dor
Se de dor é feito um poema,
Se com dor um poema é mais poema,
espero que tenha eu encontrado a minha perfeição,
nestas poucas palavras que ainda consigo exprimir.
Palavras que não saem mais de mim.
Palavras que não sei de onde saem.
Usam-me como trampolim,
fazendo-me uma inútil completa,
sem perceber onde a palavra vai.
Para escrever este último lamento,
uso meu sangue,
que escorre pouco,
pelas marcas que você deixou.
Havia sangue,
sangue vermelho,
sangue abundante,
sangue sangue.
Havia sangue,
sangue secou,
está secando.
Antes que seque,
e eu não termine.
Antes que o vermelho clareie,
e torne-se novamente btanco,
digo-te adeus,
não mais existo.
Tudo acabou.
Sou livre de tuas torturas
e da amargura de ficar escrevendo
sobre alguém que nunca existiu.
© Maite Schneider
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