PERDOA-ME
Perdoa-me
Se parti sem um adeus,
Faltou-me coragem de olhar nos olhos teus
E afogar-me nas lágrimas de breu,
Que a tua ausência condenou os sonhos meus
Perdoa-me
Pela solidão que se anuncia
No teu peito em rebeldia,
Mas ficarei com a minha própria companhia
À sombra da tua anunciada tirania
Perdoa-me
Pela dor deste momento,
Mas vou num pé-de-vento
Mais rápido que o pensamento,
Como se não existisse a memória do tempo
A açoitar-me como um tormento
Perdoa-me
A falta de tato desta despedida pacata,
Mas minha mágoa transborda em cascata
Ultrapassando o muro da minha dor,
Estou cansada deste amor sem trato
Do qual levo apenas um velho retrato
No peito cansado.
MORGANA
Rio de Janeiro, 28/11/03.
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