A BODEGA
Renato Ferraz
Quem já morou em cidade pequena ou na periferia de grandes cidades
Haverá de lembrar que até os anos 70 não havia supermercados.
Eram armazéns, quitandas, mercearias e bodegas
Que abasteciam a população.
Na minha cidade, as bodegas eram como se fossem o mercadinho de hoje.
Servia também de local de encontro da comunidade, onde os vizinhos e conhecidos se viam.
Como ali quase todos se conheciam, assim conversavam e se inteiravam de alguns assuntos do cotidiano.
Uma boa bodega tinha um grande balcão.
Lá dentro havia prateleiras carregadas com os produtos.
No chão, sacos de 60 kg com açúcar, feijão, arroz, farinha etc.
Os produtos eram pesados na presença do freguês.
Na frente do estabelecimento havia o nome Mercearia ou Armazém, acompanhado do nome do dono. Eram Bodega do Quinca, Bodega do Zé do Carmo,
Bodega da D. Zefinha, Bodega São José etc.
Lembro que havia uma caderneta e um livro para registrar a compra. O livro ficava guardado no local e a caderneta o freguês s levava de volta.
Porque as vendas eram feitas fiado.
As bodegas eram sortidas e vendiam quase tudo, manteiga, botão, feijão, cachaça em dose, tecido etc.
Quase todas as bodegas tinham um cantinho no fim do balcão que servia de bar. Ali se bebia em pé e o tira-gosto era improvisado: salsicha, linguiça, sardinha, queijo, charque ou bacalhau.
As compras como sabão em barra, café, queijo e outras, eram enroladas em papel de embrulho.
Já os grãos ou cereais eram colocados em sacos de papel e embrulhados.
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