CARTAS
Renato Ferraz
Nós, da faixa etária dos 60 anos acima,
haveremos de lembrar do tempo em que se escrevia cartas.
Depois da comunicação oral, a carta era uma das mais usadas
e antigas formas de comunicação entre as pessoas.
Escrevia-se para a mãe em seu aniversário,
para a professora declarando nossa admiração,
uma carta apaixonada para a namorada.
São raras hoje em dia, mas ainda continuam vivas.
A bíblia, que é considerada uma das fontes de informações mais antigas,
tem o registro de várias cartas.
Na história há registros famosos de cartas
como as de Freud sobre a evolução do seu pensamento,
de Franz Kafka sobre o difícil relacionamento com o pai,
a de Pero Vaz de Caminha para D. Manuel, em 1500 sobre a descoberta do Brasil.
Isso me faz lembrar quando saí da casa de meus pais para estudar na capital.
Semanalmente eu ia ao correio colocar cartas para meus pais,
irmãos, namorada e amigos.
Também era comum o uso de bilhetes, principalmente na escola.
E os selos? Ah, havia até coleções de selos.
Eram selos comemorativos e bonitos, me lembrava cédulas de dinheiro!
Como havia o pombo-correio, outra forma de fazer a entrega ao destinatário.
Uma boa carta, com a letra caprichada, fazia-se uso da famosa caligrafia;
era grande a emoção ao escrever ou receber!
E havia um certo ritual tanto para escrever como para ler, quando recebia.
Eu lembro da ansiedade que sentia quando ficava esperando uma resposta,
porque não se podia precisar o dia certo que iria receber.
Então era todo dia a espera da hora que o carteiro passava e gritava: Correio!
Interessante que o ato de escrever uma carta,
criava-se todo um cenário, fazia-se uso da imaginação; era algo mágico.
Com o avanço da tecnologia, hoje é o email que substituiu a carta.
No entanto, há quem prefira uma carta escrita em papel,
devido a esse material ser acessado sem a necessidade de computadores e internet.
Além do mais, as cartas escritas pelas próprias mãos do autor
transmitem o que um e-mail não é capaz de transmitir: as emoções.
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