ALFAIATE E COSTUREIRA
Renato Ferraz
Quem não lembra que teve uma época
que as roupas eram feitas por costureira e alfaiate?
Pelo menos em pequenas cidades, como a minha, era assim...
Na rua que eu morava, também moravam duas costureiras.
Lembro bem de uma delas que passava o dia sentada
ao lado daquela máquina e às vezes ficava até certa hora da noite trabalhando.
Eu era amigo dos filhos dela e a gente brincava ora na minha casa ora na casa deles.
Fim de ano, minha mãe que tinha muitos filhos,
levava o mais cedo que pudesse os tecidos e mandava a gente ir lá tirar as medidas.
Depois conforme ela mandasse recado, íamos experimentar o modelo.
E assim, durante as festas de Natal e Ano Novo,
a gente estava com a roupinha nova, feita em casa pela costureira.
Existia uma fábrica na minha cidade, mas era de tecido e não fabricava roupa.
Sei que os tecidos eram mais baratos, eu ouvia falar isso;
pois pessoas de outras cidades vinham comprar lá por esse motivo.
Eu era menino e ouvia dizer que tinha só um alfaiate na cidade,
que era quem fazia as roupas para os ricos ou as pessoas com melhores condições financeiras.
Depois, já mais crescido, na fase de paquera e namoro
eu ouvia as meninas falando sobre determinado modelo de vestido,
que gostaram e estava na moda. E que iam mandar a costureira fazer um igual.
Assim eu me lembro que na minha fase de criança
as minhas roupas e de meus 6 irmão e irmãs eram costuradas e prontas ali mesmo perto de casa.
Minha mãe tinha uma máquina,
mas era só para fazer reparos e costurar minimamente
porque ela não tinha o curso nem experiência profissional.
Era muito comum em cada casa ter uma máquina grande
que parecia uma mobília.
Era com aquela barriga de madeira tipo compensado,
que quando fechava, virava um apoio para se colocar algo em cima,
como se fosse uma mesinha.
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