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cronicas-->Mamãe deu férias para a empregada -- 15/01/2003 - 17:16 (maria luiza lazzari ciotti) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ela resolveu usar o óculos multifocal, que dormia no fundo de sua bolsa há pelo menos três anos,
Quando colocou, já sentiu que o chão aproximava-se perigosamente de seu nariz. Gritou, histérica pelo marido:
- Bem! Bem! Corre aqui que eu to me sentindo mal!
O marido, acostumado com as babaquices da mulher, não lhe deu muita atenção.
- Bem!!!!!!Parece que o chão ta levantando!
O filho mais novo, que assistia à tv e não perdia nada, gritou:
- Só ta faltando essa aqui em casa pra completar. O chão grudar no teto." A casa do terror ", é aproveitar e filmar.
- Ninguém dá bola pra gente aqui. Pode cair duro que vocês pulam por cima.
- Ih! Mãe, não faz charme, vai. Se arranca e faz alguma coisa útil, tipo: arrumar a cozinha, porque não tem mais talheres.
- Eu acho engraçado aqui , viu?- já esquecida do chão e dos óculos- parece que só eu moro aqui. E vocês? São hóspedes, por acaso? Não daria pra dar uma força?
O marido e o filho fizeram-se de surdos e mudaram completamente de assunto. Ela foi arrastando o PIU_PIU , com muita preguiça e quando chegou perto da pia, lembrou-se que havia dado férias para a empregada. Olhou para a pia e as lentes dos óculos, mostraram a realidade nua e crua: estava tudo Sujo! Não aquela sujeira corriqueira , do dia a dia, mas aquela que entrava pelos vãos de tudo e grudava com a gordura , formando uma " crosta", como a mãe costumava dizer:
- Não deixa formar crosta que é duro de sair!
Ela se sentia poderosa, primeira dia sem a empregada, tarracou um bom- bril, vassoura, rodinho, pano, detergente,álcool ( que ela adorava, não para beber, mas para limpar), desinfetante e com tudo debaixo do braço, passou pelo marido e filhos, que assistiam televisão, esparramados nos sofás, cada um com uma bacia de pipoca , refrigerante e cerveja. Um olhou para o outro e quá,quá, quá... riram a valer.
- Posso saber de que vocês estão rindo?
- Ai, mãe, é engraçado ver você com essas coisas de limpeza. Quem vê, pensa...
- Sabe, bem, vai com calma, não faça tudo duma vez. Vai aos poucos....
- Você me conhece, quando eu começo, ninguém me segura!
Tornaram a se olhar." Segura o quê?" Já sabiam que aquilo duraria pouco.
No dia seguinte acordaram com o padre Zezinho, cantando a plenos pulmões: " Abençoa, Senhor, as famílias, amém. Abençoa, Senhor a minha também!" E a mãe no acompanhamento, cantando tudo errado, mas feliz.
Praticamente, voava com a vassoura, fazia malabarismos com o rodo e demonstrava extrema familiaridade com o detergente.
A irmã chegou para visitá-la e ela foi estender a roupa no varal, pediu a ajuda da irmã e foi dizendo:
- Ai, Zeca, eu adoro lavar roupa!
A irmã, com uma cueca, muito encardida na mão, já lascou:
- Liza, então é melhor você aprender, porque isso aqui tá um lixo!
Foi exatamente nesse momento, que as coisas começaram a ir para trás.
Resolveu que era hora de dar uma boa faxinada no consultório do marido e do filho, pois eles vinham reclamando há tempos que a empregada não estava limpando direito.
Levou tudo que encontrou na lavanderia, pois isso ela não podia reclamar, o marido comprava tudo que saía de novidade em material de limpeza. Mas o forte dela era mesmo o álcool, chegou na sala de espera e com cara de muito entendida, balançou a cabeça e comentou sozinha:
- Nossa! Que sujeira!
Foi falar e jogar metade do litro do álcool pela sala de espera e com o padre Zezinho arrebentando no toca cd, ela começou a faxina, com garra!
Foi vendo que a sujeira vinha vindo, junto com o pano e foi se empolgando, ajudava agora o padre Marcelo a cantar a música da arca de noé, trocando todos os bichos, mas naquela Força! Feliz, realizada, enfim descobrira a que veio: Para limpar!
Depois de colocarem todos os bichos na arca, ela e o padre Marcelo resolveram dar um tempo.Ele parou de cantar e ela de faxinar, para olhar a obra-prima : no que ela bateu o olho na sala de espera, que susto! Tava tudo manchado de branco... sujeira misturada com manchas brancas! Que horror! O marido, ela sabia que ia compreender, mas o filho ia mata-la ! Ela conhecia a peça: ia fazer picadinho dela e colocar pra Duma ( a fila ) comer .
- Cristo! O pior é que eu tó moída!
As costas parecia terem carregado toneladas de chumbo.
A dor começava no coranchim e se espalhava com arrepios de fisgadas pelas duas coxas e depois descia fazendo charme até os dedões dos pés, depois subia e atravessava a coluna e explodia em arco-íris na cabeça! Não era desfile de escola de samba, era dor mesmo! E acrescida da bela limpeza que havia feito.
Foi arrastando balde, vassoura, pano , detergente , o diabo do álcool e a coluna estropiada, mais o padre Marcelo , que resolvera começar a cantar outra vez a música dos bichinhos na arca. Ela calou a boca do padre e entrou xingando todo mundo, de todos os nomes que sabia, que não eram muitos e por isso ficou na merreca de sempre: fdp!
Entrou no banho gelado, como sempre e colocou uma camisola se achando no direito de se sentir doente. Deitou na cama com duas rodelas de batatinhas nos olhos e esperou a casa cair.
O marido chegou morto de cansaço, pois trabalhara o dia inteiro em São Manuel e não deu nem pelotas pras manchas. " Graças ao bom Deus"- pensou ela. Agora era esperar pelo filho. Já estava mais alegrinha com a atitude do marido, que aliás, não havia visto "in loco" a sujeira. Arriscou até dar uma de quem não tá nem aí! E lembrando-se de uma frase dita pelo irmão,quando era pequena e que ela achava legal, sapecou em alto e em bom tom:
- Pouco se me dá que a fêmea do muar claudique!
Isto é: num tó nem aí se a mula é manca!
Nisso levou uma traulitada do filho, que ia chegando por trás:
- Que que foi , mãe?
- É! Ficar sem empregada é fogo-começou ela , perdendo toda pose que ensaiara há minutos atrás- vocês sabem que eu não dou pro troço, coisa que eu faço questão de deixar claro sempre!!!
- IH! Já não tá me cheirando bem. O consultório ficou bom?
- Ai! To com uma dor nas costas que não aguento. Bem, tem Dorflex aí?
- Chiiiii! O c-o-n-s-u-l-t-ó-r-i-o ficou bom , mãe?!
- Bem, cê lembrou do Dorflex?-
------ Mãe, o consultório?
Aí as lágrimas espirraram, como sempre para escapar do sacrifício, e o marido, que não podia vê-la chorar, vai que voltasse a depressão, já pulou na frente:
- Não ficou bom, mas eu vou ligar para uma firma especializada em tirar manchas e empermeabilizar o chão. Não se preocupe, nega, pára de chorar.
Aí o filho deduziu que o estrago devia ser grande, para precisar de uma firma especializada e patati,patatá...
- Ai, mãe, se não é o papai aqui, você já tinha sarado dessa depressão na marra!
- Ai, filho, estou tão cansada! Você não sabe o que é trabalhar fora e dentro!
Nisso o pai resolveu intervir:
- Chega!!!! Chega!!!! Chega!!!! Não se fala mais nisso-e virando-se para a mulher:
- E você pára de fungar! Já resolvi tudo! A-c-a-b-o-u!
E assim está o consultório até hoje, esperando a visita da firma especializada e a mãe espezinhada pelo filho, longe do pai, é claro!
__ Ó , mãe , buá... e imita a mãe debulhada em lágrimas e depois imita o pai, virando-se outra vez para ela ,com a pose dele: peito estufado e atitude de ponto final;
- " Vou chamarrrrrr uma firrrrma essspecializzzzada....."
E a mãe p da vida torce o nariz pra ele e promete que na próxima vez conta tudo ao marido!

Mamãe, a formiga atómica !

Esta vai para a Maria Inês, que deve se lembrar bem disso!

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