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Artigos-->Ao a-diálogo -- 01/11/2000 - 21:48 (Edilson Timóteo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
À INTOLERÂNCIA E À AUSÊNCIA DE DIÁLOGO



A história tem sido sempre vencida e contada pelas mesmas pessoas. Os que vencem, inconsciente ou deliberativamente, reproduzem idéias que representam em essência a desigualdade social, as quais são impostas à maioria absoluta da sociedade e aceita por esta sem questionamento. Parece estranho, mas estamos tão inseridos nesta lógica de desigualdade, que quando alguns de nós age de forma a questionar a ordem com que os fatos históricos vêm acontecendo, automaticamente desencadeamos um processo de negação e aversão e nos tornamos um aparente corpo estranho, que se rebelou contra o vírus que domina "incubadamente" todo o resto da ordem social.

Recentemente, no estado de São Paulo, houve uma greve do funcionalismo público, cuja principal reivindicação era o reajuste salarial. O governador, contextualizado na trama dos interesses políticos e econômicos, veio com toda a repressão policial possível. Os estudantes universitários também estavam em greve, e tinham reivindicações que transbordavam os limites da categoria, tanto que o reajuste salarial reivindicado pelos funcionários e professores fez parte de nossa pauta. As reivindicações dos estudantes tinham como eixo central a defesa da universidade pública, tínhamos como reivindicações mínimas a paridade nos órgãos colegiados, fim do pagamento das taxas para segunda via de documentos e dos cursos de extensão e especialização, contratação de funcionários e professores, a construção dos blocos de moradia, luta conjunta pelo aumento da verba para as universidades e rediscussão do financiamento para as mesmas, a democratização para o ingresso na Universidade. Estas reivindicações ainda estão em pauta, e por isso continuamos nos mobilizando pela sua realização. Mas, mais uma vez a história nos mostrou que aqueles que ousaram unir-se para reivindicar pela coletividade, foram ignorados quando os interesses de uma minoria foram atendidos, e também foram repreendidos quando negaram em calar-se. Não mais estamos vivendo na ditadura militar explícita, há uma nova ditadura, imposta perplexamente até pelos perseguidos de ontem, que lutavam pela liberdade, e hoje continuam lutando, mas desta vez somente pela sua ou pelo seu grupo. Esta ditadura é muito mais sutil e poderosa, porque, implícita como se coloca, fica mais difícil perceber e mais fácil ceder do que resistir.

E muitos se deixam usar, se deixam seduzir, são levados até mesmo libidinosamente por este jogo de azar, que agora ou depois, todos terão sua vez de perder. Mas enquanto não perdem, trapaceiam, se confundem e se enganam entre os interesses emaranhados nesta teia de viúvas negras. Aqueles que não são levados nesta onda de devaneios insanos, questionam, expõem suas críticas e seus anseios, se colocam assim, na mira de todo um batalhão de soldados camuflados e mascarados. Nossos anseios não se resumem naquelas reivindicações, mas elas já são um passo para algo muito maior e melhor. São estas reivindicações que pretendíamos levar ao reitor no dia 1/8/00, mas os acontecimentos não se deram com esperávamos, não nos deram tempo para apresenta-las e ainda fomos mal entendidos. A greve acabou mas as reivindicações não. Não somos contra o aumento da infra-estrutura da universidade. Também não aceitamos críticas de pessoas que se deixam levar por boatos, e tanto professores como funcionários e alunos cometem este erro. É mais fácil criticar sem o devido conhecimento do que ir direto à fonte, não é? Errado. Isto faz parte deste jogo de sedução, cuidado com as melodias, belas porém traiçoeiras, que saem de lábios esbeltos, cuja oratória é boa e má num único tempo.

A tão falada "Feira de Profissões" (dias 26 a 28 de julho/00), também deve ser questionada, repensada e transformada, para que não se repitam as mesmas falhas no próximo ano. Não se esqueçam que dois alunos da FCL foram agredidos pelos seguranças contratados durante este evento, ou seja, quem chamou a polícia primeiro foi a própria direção da FCL. Estes alunos foram acusados de "pichação", mas mesmo que qualquer pessoa fosse pega em flagrante, isto justificaria a agressão à que foram submetidos? Não queremos o setor privado do ensino dentro da universidade pública, muito menos a polícia. Queremos participar da organização desta "Feira", na qual deve haver também, palestras sobre as condições do ensino público no Brasil, sobre quais as finalidades do ensino privado e do ensino público, na qual haja realmente informação sobre as profissões, sobre a universidade pública e sobre o que o governo vem fazendo com o ensino em todos os níveis; também quais as propostas e projetos em contraposição ao governo e à mercadológica. Queremos também que comecemos a dar uma outra trilha à nossa história, poderíamos começar dialogando um pouco mais e sendo também mais tolerantes com àqueles que divergem de nossa opinião, e assim, quem sabe, construir uma Universidade que mereça levar este nome como seu emblema.



Edilson Timóteo (3° ano de Ciências Sociais - UNESP)





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