CALÇADAS DE RUA
Renato Ferraz
Quem precisa se locomover através de calçadas, no cotidiano,
poderá dizer que já andou numa selva ou que já fez uma trilha.
É assustador o estado das calçadas das nossas ruas.
É uma verdadeira trincheira de guerra.
Não dá para imaginar que o ser humano que já alcançou tantos resultados surpreendentes
e avançou na melhoria da qualidade de vida, ainda consegue conviver com esse atraso,
que é o que chamamos de calçada...
Há coisas ou situações que não correspondem à definição dada com tanto esmero.
Um bom exemplo é um dos significados de CALÇADA:
Faixa destinada ao trânsito de pedestres, com largura entre 2,50 - 3,00m,
livre de obstáculos, localizada entre a linha de construção do imóvel
e a faixa de rolamento de veículos, com piso confeccionado em pedra,
grama, cimento ou outro material antiderrapante.
O que mais se vê sobre as calçadas são os obstáculos,
cada uma com o seu; é como se houvesse uma disputa,
ou seja, sobressai a que tem uma maior quantidade.
De barra de ferro a pedaços de madeira, barra de concreto a barracos;
vê-se um pouco de cada um. Os prédios e edifícios nas grandes cidades constroem a calçada
e colocam cada vez mais um piso com cerâmica muito bonito e caro, mas completamente liso;
indo de encontro â definição que cita antiderrapante.
Basta um pouco de umidade que já derruba qualquer transeunte.
E piora quando chove, ficando intransitável.
Idosos, obesos e pessoas com problema de saúde já têm dificuldade naturalmente para andarem,
então se torna mais difícil ainda enfrentar o desafio. Eu mesmo já tive que andar pelo canto da rua,
próximo ao meio fio, disputando espaço com os carros porque chovia
e sabia que se fosse andar pela calçada, que é o certo, iria cair e me acidentar.
O pior é que não tem quem dê jeito nisso, não há esperança que se resolva tal situação.
Eu nunca ouvi falar que determinado gestor deu alguma importância a conservação
e fiscalização das calçadas em seu município.
Porque embora seja uma extensão da casa,
é o município o responsável pelo ordenamento e fiscalização das calçadas públicas.
Há situações em que entre uma casa e outro há um abismo e não há como continuar andando em linha reta,
para seguir em frente. Tem que descer de uma, vai para o meio da rua e depois sobe na outra.
É coisa de louco esse negócio de calçada.
Quem nunca caiu, mas viu ou soube que alguém levou uma queda e se acidentou sobre uma calçada.
Às vezes, penso eu, em determinada situação seria melhor que aquele tipo de calçada não existisse,
fosse o próprio chão batido mesmo. Talvez fosse até menos perigoso.
|