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Poesias-->MULHER DO ALENTEJO (décimas) -- 06/12/2003 - 14:38 (Gabriel de Sousa) |
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Cedo aprendes a sofrer
Trabalhando sol a sol
És acusada de mole
Mas não é fácil viver
Sob um calor de arder
Sempre pronta para gracejo
A disfarçar o desejo
De ser feliz e cantar
Levando o dia a ceifar
A Mulher do Alentejo
2
Debruçada sobre o chão
A mondar ou a sachar
Cedo aprendes a lavrar
A ceifar até mais não
Sem sentires a exaustão
O trigo é tua paixão
Pois dele há-de nascer pão
Com teu dolente cantar
Cantas para disfarçar
Leva mais longe a razão
3
Companheira alentejana
Lutadora incansável
Cara e sorriso amável
Queremos a tua gana
E tua lei espartana
Hás-de cumprir teu desejo
De honrar o Alentejo
Ainda um tempo a sofrer
Uma lágrima a correr
Nas canseiras em sobejo
4
Em todo o lado eu te vejo
A azeitona apanhar
Que bom azeite vai dar
E ouço o teu solfejo
Oh mulher do Alentejo
Vencerá tua razão
Tu que lutas com paixão
Como Catarina és mãe
Tens a coragem de quem
Constrói direitos e pão
NB: - Décimas, com mote «A Mulher do Alentejo / leva mais longe a razão / nas canseiras em sobejo / constrói direitos e pão.» de Jorge Marques.
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