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Cronicas-->Balas perdidas -- 19/01/2003 - 12:04 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O soldado atirou várias vezes na direção da casa em ruínas. Tinha bastante munição e amigos que dessem cobertura. Todos atiravam. Era o auge do combate naquele dia, com muitos combates contra os residentes da área, que se recusavam a se entregar, abrir mão de seus princípios e da inferioridade de sua raça.
Pelo volume de munição gasta a vitória chegaria em algumas horas. No resto da cidade também. Sem dúvida os homens inimigos teriam a merecida lição por desafiar o poderio de seu país. Um dia de glórias para os guerreiros da nação suprema.
Foram muitos combates até chegar aos últimos bolsões de resistência. Agora a artilharia de campo e a força aérea já não eram suficientes a presença dos fuzileiros era necessária para garantir o silêncio total das forças de defesa do povoado.
Veio a noite e o combate continuou, cessando por volta do início da madrugada.
Não havia mais ruído que indicasse a presença dos inimigos, que deveriam ter fugido ou estariam todos mortos. A segunda hipótese era mais provável.
Uma patrulha de reconhecimento se deslocou para as pequenas construções ou o que havia sobrado delas. Um dia teriam sido casas de argila, mas agora era apenas argila amontoada, furada de balas e sujas de sangue.
O soldado avançou com alguns companheiros, cheio de ódio e disposição para fazer o levantamento do terreno e talvez dos cadáveres.
O primeiro contato visual encontrou pernas e roupas de civis. Natural, visto que os adversários não usavam uniformes convencionais.
Mas algo estava errado com os restos encontrados. Havia meninos, jovens entre os mortos. Mais de vinte. E mulheres. E outras crianças, de todas as idades.
A cena deixou o soldado em estado de choque. Não havia nenhum homem, um soldado treinado entre os mortos. E havia bebes de colo, e muitos pedaços de carne espalhados por todos os lados. Corpos mutilados em profusão.
Mas o treinamento militar não previa estas coisas. Muitos corpos e nenhuma glória. Havia apenas sangue e destruição em nome de algo com nome de pátria, de superioridade política e económica. Não fazia sentido destruir tudo aquilo. O que era aquilo afinal?
Era o Armagedon do guerreiro maldito. Sentou nos escombros, perdeu a vontade de lutar e começou a cantar baixinho uma velha música: "Deus salve a América..."
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