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Cronicas-->Verdes vales -- 19/01/2003 - 12:36 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não sei se foi por que alguém recitou o salmo 23 naquele dia, ou se foi vontade de viajar para algo bem distante da cidade, mas o fato é que de noite sonhei com um vale verde, montanhas, ar fresco e vida saudável.
Mas o sonho era um pouco estranho. Eu estava em Curitiba, na Praça Rui Barbosa, e ao invés de embarcar num ónibus bi-articulado, entrei num outro modelo, rústico, e fui parar numa comunidade simples, onde as pessoas viviam em casas de tábuas, consumindo produtos típicos, sem a influência do marketing das grandes companhias.
Vi algumas pessoas bebendo leite puro ou fervido com café, comendo pão caseiro, rindo de coisas simples, jogando comida para animais, correndo atrás da bola num campinho improvisado.
Era uma espécie de paraíso perdido, onde não importa o tempo senão para as coisas mais imediatas, como esperar um parto de bichos, o chocar de pássaros e aves, uma paisagem perdida entre o sol e a lua.
Verdes vales onde não importava nada esta questão de dívida externa, momentos de ambição, carreira e fama, direito de consumir porcarias em nome de um lugar ao sol, ou na sombra, sei lá.
Os verdes vales onde a alma pode andar sem medo de sequestro, onde a divisão das tarefas obedece a cronogramas simples, sem a pressa do lucro imediato, sem temer o mal recessivo dos grandes conglomerados humanos.
A pequena comunidade sorria com a possibilidade de uma boa safra de abóboras, com o nascimento de mais um bezerro, do aparecimento de muitos pássaros e a florada de algumas espécies de dente-de-leão, begónias, violetas, rosas do campo, flores que somente os residentes conheciam.
Fiquei parado por ali, sem pressa de chegar a capital paranaense, onde mais de um milhão de pessoas se espremem, se temem, se odeiam e amam em ritmo frenético, demais até.
Uma jovem que destoava de tudo aquilo, com roupas americanizadas surgiu, me levando no seu contexto, sem no entanto deixar o outro.
Falamos o que não lembro, sobre o que também não. O universo dos cosmopolitas os identifica e separa dos habitantes do campo, que não se importam tanto com os valores da sociedade classicamente competitiva.
A jovem morena usava botas e chapéu de rodeio, com dentes de quem pode manter os dentes, com um sorriso de quem pode sorrir.
Ela me acordou, tirou do sonho e sumiu com ele, mas a lembrança do vale permaneceu durante algumas horas, ou alguns dias, o suficiente para desejar voltar ao vale, verde vale da verde esperança, perdido em algum lugar dos desejos humanos, dos cansados, dos que procuram a frescura do semblante do universo.

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