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Cronicas-->Falando em morte -- 19/01/2003 - 12:37 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Calma meu amigo, por que fugir do texto, se tu ainda tens uma longa vida pela frente? Afinal, o que nos aproxima é unicamente isto, por que a vida faz de tudo para nos afastar. Discordas? Por que frequentamos ambientes tão diversos, repudio boa parte de teus pensamentos e tu aos meus? Ora, por que estamos vivos, e separados naturalmente.
Mas a morte pode nos irmanar? Não, mas elimina os nossos conflitos materiais.
Corpos apodrecendo não brigam e não discutem, nem tentam surripiar momentos preciosos para roubar o que temos de melhor. Assim, considero os mortos honestos, por que não conseguem mais roubar o material.
E o espírito? Ah meu amigo, esta questão é mais delicada, pois os mortos podem roubar ou enriquecer os espíritos dos vivos; a diferença é intangível. Incomensurável, imponderável. Palavras que correm pelo vento morno despertam furacões.
Os vivos matam com medo da morte, destroem para preservar, magoam para amar, roubam para não serem roubados, choram para não sorrir, fecham os olhos para evitar a luz.
E por que falar da morte? Nada demais, apenas uma febre alta não totalmente esclarecida, um mal-estar de 120 horas, uma redução temporária da capacidade de memória e de administração da carcaça.
O suficiente para ter que mentir aos amigos que estava tudo bem, apenas para evitar preocupações, mas também o suficiente para visualizar a viúva, que alertada sobre o risco disse "Deus me livre, nem pense" , e a preocupação de alguém especial, muito especial.
Mas por que insistir no assunto? Ora, todo dia vejo alguém ser carregado em caixas estranhas, com desenho feio, ridículo mesmo, do tipo que invoca mais nojo do que respeito, então posso dizer que convivo normalmente com a morte, esta coisa honesta que cerca os vivos cretinos.
Talvez seja este o ponto chave. A morte não mente, levando logo o que tem que levar, dizendo o que tem que dizer, encerrando a conversa fiada. É sincera demais para uma espécie que se sustenta nas mentiras principalmente. É seca.
Por isso é tão pavorosa e repugnante para ser assimilada.
Ah meu amigo, estás com os ossos gelados com esta prosa, não é mesmo? Mas não te preocupes, é apenas um lembrete sobre a brevidade das coisas, pois ainda pretendo ver o Grêmio campeão muitas vezes, encontrar a musa das musas, escrever aquele livro que nunca sai, e conversar sobre coisas vivas, menos cretinas, obviamente.
Tenha um bom dia.
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