Não sei se é por gripe, sinusite ou pela falta de poder escrever tudo o que penso, surgiu logo de manhã uma dor-de-cabeça quase insuportável. Talvez algo relacionado ao despertar da consciência, este artifício que usamos para evitar comportamentos anti-éticos e tentar conviver em grupo sem ter um comportamento lesivo.
É que os que trabalham com jornalismo, publicidade, engenharia, polícia, direito, fotografia, medicina, odontologia e sei lá mais quantas profissões assistem ou sabem de coisas que deveriam sempre chegar ao domínio público, de forma que a sociedade pudesse aperfeiçoar os mecanismos de defesa e evoluir para um grau realmente decente de convívio.
Mas, como acontece todos os dias, surge algo que nos impede de ser verdadeiramente autênticos, de poder chamar de ladrão aquele indivíduo que rouba dinheiro público e se apresenta como santo, ou denunciar um carniceiro que se traveste de branco para praticar erros incomensuráveis, ou quem sabe até denunciar um colega de profissão que mereceria estar na cadeia junto com os marginais indefesos que foram apanhados pelo sistema, nas leis asseguram o porão para os que nascem por baixo.
Tentei escrever a verdade pura e simples durante alguns minutos, mas aí vi a foto daquele sujeito que carrega um monte de processos por desviar dinheiro público estampada na primeira página, recebendo uma condecoração por serviços inestimáveis prestados na cidade de ...ah, memória, falhando no meio do texto outra vez.
Mas não desanimei, pois a dor-de-cabeça só poderia ser espantada se eu apenas escrevesse a verdade, então vi o pessoal da segurança pública de Rondónia dizendo que está quase bom...prá quem?
Sem entender deixei isso de lado, mas fui assistir a um noticiário e Fidel Castro, queimado demais pelo sol da Venezuela, cumprimentou Fernando Henrique Cardoso pelo programa de reforma agrária. A dor-de-cabeça piorou.
Não que eu ache o Fidel o maior santo do mundo, pois Cuba só obedece a um, mas a reforma agrária brasileiras só não é mais lenta porque não dá. A terra está encharcada de sangue do Rio Grande ao Amapá, e as polícias nunca conseguem identificar jagunços. Só os trabalhadores rurais mortos, e olhe lá...
Talvez o problema seja que eu evito tomar remédios ao máximo, para não ter dependência de nada, então a consciência tem que se virar sozinha, e o metabolismo da carcaça também, mas juro que a foto daquele sujeito recebendo medalha na primeira página daquele jornal...... |
