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Cronicas-->Desabafo -- 19/01/2003 - 13:30 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Não tem jeito. Evitei ao máximo tocar no assunto durante dias, mas novamente tenho um material sobre càncer em minhas mãos. Além das revistas, uma entrevista sobre artistas que tiveram a doença e sobreviveram. Um tipo de perseguição intelectual, não sei.
O fato é que apanhei uma revista na livraria, comecei a ler e fiquei inseguro, com vontade de chorar. Chorar o choro atrasado pela morte dela.
Na época derramei poucas lágrimas e restaram dores no peito durante meses, quase uns três anos seguidos.
Depois veio a espécie de conformação, um pouco porque o càncer havia destruído muito de nossas vidas, e ver alguém que se ama sofrer é muito ruim. Não apenas pela dor da mulher, mas pelo fato que eu senti toda a impotência que um homem pode sentir durante aqueles quatro anos de expectativa.
Uma contagem regressiva que terminou num suspiro sobre um marido apaixonado e que pode apenas chorar, implorar a Deus que tudo terminasse, e o drama dos filhos que foram testemunhas do tanto que um distúrbio celular é mais forte do que qualquer bomba atómica, se não for diagnosticado a tempo.
Mas não foi possível deixar de tocar no tema, ainda mais que existem muitas frentes de campanha para construir um hospital especializado no Estado de Rondónia.
Com o referencial de quem já perdeu cinco parentes no mínimo vitimados pela doença teria que registrar algo sobre o assunto.
Càncer é ruim, às vezes tem cura, outras não. Dos cinco dois teriam chance se houvesse o diagnóstico precoce. Foram vítimas do càncer de próstata.
Os demais, pulmão, fígado e tireóide; este o mais complicado, mais visível e o mais doloroso para minha experiência pessoal.
Ainda hoje é ruim abordar o turbilhão de memórias que possuo, ligadas a algumas passagens que ficaram registradas. Principalmente da coragem da mulher, que lutou com todas as forças. Ficou também a raiva do oncologista, que era um animal, e que felizmente não conheci.
Tudo nas terras distantes do Paraná. A mulher levou uma parte boa de minha vida, mas deixou o exemplo da fé. Morreu carregando a esperança da cura.
Deixou de acreditar em milagres apenas no dia em que morreu. Mas deixou um excelente testemunho de briga pelo direito de viver.
Acho que não tenho muito mais o que escrever, mas aos poucos a vida aplaca o sentimento de frustração da experiência ruim.
Dona Marli, obrigado por me incentivar. Fica o registro de sua luta para quem acredita na beleza da vida.
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