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Cronicas-->Sereia do rio -- 19/01/2003 - 13:34 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Domingo costuma ser um dia bobo, em que também se trabalha, se pensa muito e se ganha pouco, e no desenrolar das vinte quatro horas nada se espera de grandes novidades. Mas um dia desses, procurando uma determinada pessoa, tropecei em outra, de novo, e fiquei mais uma vez encantado. O sorriso, a inteligência e a pertinência ética que uma mulher pode reunir lá estavam.
Graça, simpatia e uma confusão imediata de pensamentos.
Eu sei racionalmente que a conversa transcorreu num escritório, mas eu fingia que falava sobre política e direitos trabalhistas, situação de mercado e essas coisas que esporadicamente abordo, mas na verdade eu estava enfeitiçado pela criatura. Sim, devia ser algo divino o que se encontrava na minha frente. Fora do normal. Senti que meus olhos, meu cérebro e tudo o que compõe a estrutura corporal estava se declarando para ela, criatura que deve ter deixado o leito do rio Madeira para me enfeitiçar.
Ao contrário daqueles idiotas da lenda grega, que fugiam das sereias para não serem devorados pelas criaturas dos mares, deixei o meu corpo ali na frente dos outros e fomos para o fundo do rio, onde fui seduzido pela mulher de cabelos longos e olhos indescritíveis. Estive lá por muito tempo, enquanto uma casca oca com cara de jornalista enrolava meia dúzia de pessoas com uma conversa insossa; deliciei-me em conviver com a deusa das águas, querendo mesmo ficar com ela nas profundezas da grande massa hídrica.
Lamentei quando ela se materializou novamente, o que me fez retornar para aquela rua de Porto Velho, onde um telefone chato interrompeu o colóquio amoroso, e educadamente retirei minha estrutura celular do local. Ainda posso lembrar dos momentos encantados em que deixamos este plano para entrar em outra dimensão de realidade, tão intensa quanto esta, até mais energética.
Confesso, esta dimensão não tem a menor graça se comparada com a outra.
Voltei para casa iluminado, e sei que qualquer dia eu vou ao rio com a graciosa criatura novamente, e se não puder voltar ao disfarce de gente, melhor ainda. Estarei satisfeito de ter passado por este plano físico quando conseguir habitar o fundo do Madeira com aquela criatura que só eu posso perceber enquanto divindade.

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