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Contos-->CRISTA DE GALO -- 16/06/2003 - 19:36 (Antonio Perdizes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CRISTA DE GALO

No seu escritório, num luxuoso prédio na Avenida Paulista, Roberto olhava para a imensidão da cidade, sorrindo com ar de vitorioso. A cidade parecia monstruosa para muitos, parar ele, no entanto, era pequena, porque não só conseguira dominar aquela cidade, mas também o mundo.
Recordava como tudo começara, como soube usar o senso de oportunidade, sorte e muito trabalho. Alguns anos atrás, não passava de mais um pequeno empresário, lutando sem dinheiro com uma pequena fábrica de plásticos de fundo de quintal.
Como todo paulista estressado, Roberto ficara brocha há muito tempo. Não conseguia uma ereção e, quando conseguia, nem chegava a penetrar e ejaculava. Desistiu, então, de usar seu membro, mas não de sexo. Não conseguia utilizar o instrumento ideal. Usava a boca.
O sexo oral fora o primeiro caminho para chegar onde estava. Através dele, com a troca constante de parceiras, fez o que chamou de “mapeamento de vaginas”. Carregava sempre uma máquina fotográfica, fotografava cada uma delas, suas parceiras permitam. Achavam aquilo interessante, uma foto de suas vaginas não era nada demais, contanto que o rosto não aparecesse. Era até um motivo de excitação, uma pose de pernas abertas antes de serem abocanhadas pelo fotógrafo. Fazia, também, todas as medições possíveis: largura, profundidade, posição do clitóris. Cronometrava o tempo e a duração do gozo de cada uma e o grau de lubrificação. Montara gráficos que relacionavam os diversos componentes.

Foi só depois, quando passou a usar a pílula azul, que seus estudos chegaram à conclusão óbvia, mas que escapara a visão de todos: o pau do homem não era anatomicamente adequado para dar prazer a mulher. Todas gozavam quando utilizava a boca, agora, com o instrumento endurecido pela ação da pílula azul, somente um pequeníssimo percentual delas havia atingido o prazer, e isso, quando ele se esforçava ao máximo.
Pesquisou em revistas de medicina e pela Internet, e não encontrou referência à anatomia do pênis em relação à vagina. Era obvio que o formato cilíndrico não proporcionava a massagem adequada no clitóris, pois a vagina é ovalada.
Então, valeu-se de seus estudos, de seus anos de trabalho e observação da anatomia feminina e da intuição para criar algo, que revolucionou o sexo em todo o mundo, com a liberação da mulher que agora podia, realmente, sentir prazer na cama, e não precisar mais ficar gemendo e fingindo ter orgasmos.
Seus primeiros protótipos, que ele testara pessoalmente, não funcionaram bem. Machucavam o membro ou a vagina e não davam o resultado esperado. Surgiu, então, a idéia de levar o problema a especialistas em cada área. Fez um convênio com a Universidade Federal de São Paulo e foi lá, através de especialistas em design e do setor de desenvolvimento de novos materiais, do Departamento de Engenharia de Plásticos e Borrachas, que utilizando seus estudos, criaram o que se designou chamar de “Crista de Galo”: uma prótese peniana que completava a deficiência do pênis em proporcionar à mulher total satisfação no ato sexual.

Conseguiu um financiamento oficial, a juros subsidiados, através de um importante assessor do Presidente, quando lhe enviou um kit do produto. Constava de uma pílula azul (que deveria ser usada apenas em casos de brochura), uma prótese “Crista de Galo” com proteção extra (a camisinha vem acoplada formando um único produto) e um tubinho de creme vaginal para a lubrificação. Este, também, desenvolvido pela UNIFESP, possui em sua fórmula um poderoso estimulante clitorial, que muitos consideravam desnecessário, já que, o produto por si só fazia o trabalho necessário.
Construiu uma enorme fábrica nos arredores de São Paulo. Passou a distribuir o produto com diversas formas de apresentação para todo o Brasil. Em todo o supermercado ou farmácia havia uma gôndola com “Crista de Galo” e seus diversos kits.

Ficou satisfeitíssimo com uma pesquisa que indicava o grau de satisfação, feminina e masculina, com o uso do produto, e admirado em saber que 62,8 % das pessoas que adquiriam o produto eram do sexo feminino.
Passou a ser o presente preferido para casamentos, aniversários e como brinde de final de ano a funcionários e clientes de empresas.

Requereu patente mundial e passou a ser o único fabricante do produto
Inicialmente, foi através do contrabando que o produto penetrou no mercado americano e europeu. Eles utilizaram a famosa barreira alfandegária, alegando, o que era uma inverdade, ser ele fabricado no interior do Nordeste em fábricas clandestinas e utilizando a mão de obra infantil escrava. Ele recorreu a OMC que, a contragosto, teve de aceitar suas alegações, ameaçando os EUA e UE de sansões, e condenou-os ao pagamento de uma indenização, que lhe rendeu uma boa grana.
Logo, ele passou a ser um dos mais importantes produtos da pauta de exportações do Brasil. Quando a rede americana Wall Mart fez um enorme pedido, tomou a decisão de abrir uma fábrica no México, e, depois, outra na Romênia para distribuir seus produtos pela Europa, Rússia e Oriente. A instalação de novas fábricas ao redor do mundo fizera de sua empresa a maior multinacional brasileira.

No início, as vendas no continente asiático fracassaram. Enviou seu pessoal para uma pesquisa, descobriram que os chineses estavam utilizando-o de maneira incorreta. Colocar demonstradores em cada ponto de venda teria um custo muito alto, então, alguém teve a simples idéia de colocar no produto uma setinha e escrever “este lado para cima”. Logo, as vendas aumentaram. Descobriram, também, que os chineses e os japoneses necessitavam de mais um produto para a satisfação completa do sexo feminino.
Criou na sua fábrica da Tailândia algo adequado às condições locais, mas que também faria sucesso ao redor do mundo. Uma prótese prolongadora/adaptadora do pênis para substituir o horrível tratamento com os extensores penianos.
Todo consultório médico e do serviço de saúde publica passou a ser um centro de vendas de seus produtos. O paciente ia até o consultório com sua parceira aonde era feito um molde do pênis e outro do tamanho da vagina, então, o material era enviado para a fábrica, que fazia a prótese com o diâmetro e comprimento correto, conforme o tamanho dos usuários. Era montado com “Crista de Galo” formando um conjunto. A utilização era simples e vinha com um manual de uso. O usuário vestia o produto e a fixação se fazia com o endurecimento do membro. A cabeça crescia e se alojava no interior, não deixando o produto ser arrancado durante o ato. Possuía um orifício para a saída do esperma e o material era de com uma consistência tal, que imitava a vagina no lado interno e, um pênis, no externo. Ocasionava as sensações naturais do sexo, dando maior prazer para ambos.
O problema de fixação da prótese, pelo endurecimento e fixação pela cabeça, ocasionou uma corrida aos consultórios médicos de todos aqueles que não haviam feito cirurgia de fimose, ou que tinham a pele recobrindo a glande. Nesses casos não era possível fixar a prótese sem uma pequena e dolorida cirurgia para liberação da glande. Isso ocasionou ganhos vultuosos para a indústria médica, e chegou a ser tratado como um escândalo, denunciado em jornais e revistas.
Fora informado, a título de curiosidade, que um chinês encomendara sete próteses penianas, cada uma delas internamente iguais, mas externamente adaptadas às suas sete amantes, com o nome e o dia da semana gravado em cada uma delas. E, que um australiano, fornecera ele próprio o molde de sua companheira, um modelo um tanto esquisito. Mais tarde se descobriu, era de uma ovelha.
O governo japonês, e posteriormente o coreano, baixou um decreto tornando obrigatória a cirurgia de fimose para não acontecer mais este problema no futuro.
Diversas Universidades ao redor do mundo criaram cursos de especialização em cópula, e os primeiros consultórios médicos, especializados exclusivamente no assunto, já estavam funcionando.

A pirataria asiática atrapalhou os negócios. O “Crista de Galo” pirateado passou a ser vendido até em camelôs em plena Avenida Paulista. De nada adiantou os gastos com publicidade para alertar os consumidores. A diferença de preço era muito grande. Então, achou a solução do problema, matar o mal na raiz, isso foi imitado posteriormente por diversas multinacionais americanas e européias com os mesmos problemas.
Despachou um assessor para todos os países onde havia fábricas pirateiras. Contatou o principal assessor do dirigente local oferecendo uma gorda comissão sobre as vendas. Em poucos meses, sem alarde, todas as fábricas clandestinas foram fechadas. Na China, em uma delas, o dono foi executado, o motivo alegado foi o de traição ao governo.

Fazia palestras ao redor do mundo sobre senso de oportunidade nos negócios. A última, na FIESP, teve a presença do Excelentíssimo Senhor Presidente da Republica que veio prestigiar, acompanhado de ministros e dos principais líderes da indústria, comércio e sistema financeiro. Foi ovacionado no final.
Era a glória.
Seu nome chegou a ser cogitado para o prêmio Nobel da Paz. Por que não? Sexo não é apenas uma questão de saúde. Nunca o mundo fora tão feliz quanto agora. As guerras haviam desaparecido, ninguém mais queira sair de casa para guerrear. Ficar em casa havia se tornado um momento prazeroso. O “Crista de Galo” havia diminuído também o caso de homossexualismo, principalmente entre os homens quando atingem a idade da reversão sexual, após os 40 anos. Eles simplesmente esqueciam de brochar, pois queriam continuar utilizando o “Crista de Galo” com seus diversos kits. As mulheres faziam o papel sempre idealizado pelos homens, esperando por eles na cama, e, com o prazer mutuo, o índice de divórcios foi radicalmente diminuído, tornando a sociedade mais feliz com famílias estáveis.

Recebera pela manhã mais uma boa notícia, fizera um convenio com a Universidade de Estocolmo na Suécia para o desenvolvimento de um novo produto. Os testes realizados por dez casais deram o resultado mais do que desejado.
Constantemente recebia queixas de que os orgasmos, provocados pelos seus produtos, não eram sincronizados. Agora era a mulher quem gozava primeiro e precisava ficar ali, esperando seu parceiro terminar. Teve a idéia de criar um sincronizador de orgasmos para dar satisfação conjunta aos parceiros.
O microchip, instalado no interior do “Crista de Galo”, possuía sensores que mediam a temperatura, grau de lubrificação e força de contração de vagina, determinando quando ocorreria o orgasmo. Então, acionava um massageador que emitia uma vibração transmitida para a próstata masculina, fazendo com que o homem gozasse junto com a mulher. Nas primeiras vezes de uso era necessário uma calibragem do chip para adequar os usuários, mas, depois de ajustado, funcionava corretamente.
Os americanos e europeus estavam ávidos para usar o novo produto, agora, quando estava na fase final de testes, deixara vazar propositadamente para a imprensa o segredo industrial, que se espalhou pelo mundo afora, gerando uma enorme expectativa.
Era um homem afortunado, tivera a visão do futuro.
Ficou intrigado ao ver uma nuvem preta no céu azul claro passando pela janela do seu escritório. .
Ao se virar só ouviu um dos tiros que atingiu o peito e o derrubou sem vida defronte a janela.
Fora uma lésbica que havia perdido sua parceira para uma pica equipada com “Crista de Galo” e que jurara vingança, matando o responsável por isso.
Morrera porque havia ignorado uma parte dos consumidores, a das sapatas. Deveria ter criado um produto para elas, poderia ter sido uma xoxota com um clitóris avantajado, com um movimento de contração e vibração.
O governador de São Paulo decretou luto oficial por três dias.


Escrito por
Antonio Perdizes
Antoper@cidadeinternet.com.br

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