A poesia nunca acaba.
Mesmo quando não há poeta, ainda assim germina.
Aparece na página, de supetão, ela: a rima.
A grafia das palavras são dos anjos
Que roubam do azul do céu, a tinta.
Se não há página de papel,
Mesmo assim a poesia nasce.
No branco das nuvens os versos surgem
Para desmancharem-se em gotas de chuva:
Desenlace.
Quando não há céu nem terra,
Quando não há anjo nem poeta
A poesia teima e veleja no mar
Metaforizada em nau fantasma
Ela flutua.
E quando mar não há, muito menos oceano,
A poesia não desaparece, é puro engano.
Se olhar para o céu, verá na lua cheia,
A poesia mais linda em formato de bola acesa
Brinco em noite escura: princesa!
Mas se no céu lua não houver
Mesmo assim a poesia há.
Ela estará lá, na menor partícula,
Gota, cutícula,
Desintegrada, atomizada, dadaísta,
Teoria de física quântica
Ficção científica que um dia
Foi poesia sofrida, romântica.
Mas se não houver matéria,
Em meio a um vácuo monumental,
A poesia estará disfarçada, fingida,
Ungida em rima espiritual.
E para ler esta poesia
Tão pura e santificada,
Teremos que usar os óculos de Deus.
Ver além da despedida, do adeus,
A perpetuação dessa espécie em expansão
Tese literária multiplicada, em evolução.
|