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Poesias-->DEPARTAMENTO PESSOAL -- 17/12/2003 - 13:43 (Ricardo França de Gusmão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje é o dia da minha recisão de contrato.

Demissão é o termo exato.

O meu patrão disse que não servi, de fato,

que iria me demitir e que era hora de partir.



Portanto pus o meu melhor sapato,

abri as portas do armário

e sacudi o antigo

paletó

- para tirar o pó -



Até a velha, mas bela gravata

com pintas vermelhas e listras de prata

coloquei para dar um ar

de quem está por cima

e não se deixa intimidar



Cheguei na redação do jornal

me despedi do pessoal

- mas não houve choro nem lágrimas -

profissional não chora,

somos feitos de metal

de coisa parecida e tal

para não pegar mal



Eu era repórter especial A.

Fazia matérias de polícia,

prostituição, mundo cão

era a minha especialidade.

A cidade era um caldeirão

e eu me achava a solução

para o problema dos corruptos covardes.

Comigo não tinha essa de traficante de favela,

bandido perigoso, perito farsante,

deputado corrupto, delegado e meliante.

Era tudo farinha do mesmo saco.



Um dia tive um nome.

E um salário do tamanho do meu nome.

Era tratado como profissional referencial.

Tanto que pensei até que fosse um gênio

depois de ganhar um prêmio

internacional.

Realmente, até então,

era um repórter diferente,

responsável pelas matérias quentes.

Tinha da chefia total confiança:

- Essa matéria é a cara do França !



Mas os corruptos são germes

e estão por toda parte.

Um deles contaminou a cabeça do meu chefe,

de repente vi emagrecer o meu salário

no contracheque

até ouvir a famosa frase:

- Ricardo França, não queremos mais você.

O jornal caminha por novos rumos,

em última análise, faltou produtividade.

Pode passar no DP.



No corredor peguei o elevador

e segui para o Departamento Pessoal.

Lá a dona Agripina e a dona

Osvaldina

disseram que eu tinha direito

ao aviso prévio,

(me aconselharam para eu parar de usar

o cartão de crédito)

e elogiaram o meu paletó



- Vá com Deus, seu França,

não perca de forma nenhuma

a tal da esperança,

que você, um dia, vai para uma melhor!



Eu disse então obrigado

para a dona Osvaldina

e agradeci a dona Agripina

pela recomendação.



Desci a escada com um cheque na mão,

e pensei:

- Será que passei no teste da demissão ?



Que é saber ficar de pé

quando desaba o chão,

minutos antes da recessão

da cachaça e do pão,

que é permanecer impávido

diante do porteiro,

do vizinho fofoqueiro,

e do colega de redação

que foi promovido

e ficou com o meu salário

depois da minha demissão.



E quando tudo faltar,

meu Deus, quanto dinheiro!

- Será isso o tal do seguro desemprego ?



Depois de tudo

só permanece uma certeza que dói

mas que aos poucos some:

que na edição de amanhã

assinando a próxima notícia

não estará o meu nome.

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