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Poesias-->A PROIBIÇÃO DO MAR -- 17/12/2003 - 13:57 (Ricardo França de Gusmão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Aviso aos navegantes:

É proibido severamente

beirar qualquer continente.

Todas as canoas serão furadas.

É proibido boiar em tábua

e sequer pisar na parte molhada do mar!



Aviso aos navegantes:

É proibido sonhar.

Pensar em jangada ou caravela.

Inventar barquinho de papel.

É proibido terminantemente

pelo Rei que não gosta de mar.



Aviso aos navegantes:

É bom esquecer das gaivotas

e de toda saudade que lembre do mar.

É proibido deixar pegadas na areia

e qualquer outra manifestação de intimidade.

É proibido morrer afogado também.

Aviso aos navegantes:

É proibido sequer olhar,

comer peixe frito.

Navegar na Internet também é grave delito.

Será erguido um muro em volta do mar,

e amar está proibido

as sereias morenas molhadas do dito cujo.



Aviso aos navegantes:

A maresia está fora da Lei.

E fora da Lei está

quem cata conchinha na praia.

É proibido falar em praia

perto do Rei que não gosta do mar.



Aviso aos navegantes:

Até os poemas serão confiscados.

E os diários de bordo pelos oceanos.

Será confiscado pensamento

e lembrança também será confiscada.

Será confiscado o mar

pelo Rei que não gosta de mar!



Está proibido o mar definitivamente !



Ao terminar de ler o decreto o arauto real martelou

a interdição dos mares no tronco de um coqueiro.

Era carnaval na Bahia e todo mundo achou graça

da estranha proibição.



Tanto foi que o pescador não recolheu a rede

e a jangada continua orgulhosa,

e as sereias cada vez mais admiradas

vestidas com renda, morenas em Salvador.

As gaivotas, deslizantes no céu,

sobrevoam o muro não construído.

E o poeta ainda fala de mar

e os namorados se amam na areia.

E entretanto o mar permanece,

enquanto o Rei, cercado de si mesmo,

governa a mobília que não dá bola

num quarto fechado de hospício.



Num hospício de frente para o mar...



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