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cronicas-->Acerolas e sonhos -- 19/01/2003 - 12:17 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era para escrever sobre outra coisa, mas aí eu lembrei da garota sentada em frente ao pé de acerola, olhando para os morros iluminados de sua cidade.
Aqui e acolá famílias aproveitavam a tranquilidade aparente de Belo Horizonte para ficar mais alguns minutos de janelas abertas em meio ao calor de janeiro.
Mesmo assim, quem pode tem grades nas janelas, pois a cidade foi cercada por construções frágeis, habitadas por frágeis criaturas, excluídas do sistema consumista, sob a pecha de favelados, ainda que sejam semi-cidadãos em busca da integração económica e social.
A garota comia acerolas e fazia caretas, olhando as estrelas e fazendo pedidos para fadas madrinhas, estes seres que se criam na mente das pessoas para tornar a realidade melhor.
Que pedidos teria ela a fazer? Viagens, saúde para a família, um romance, ou quem sabe apenas que as acerolas se tornassem doces e a cidade segura novamente?
A verdade é que enquanto ela comia as pequenas frutas, Beagá fazia barulho, com gente, automóveis, rojões, tiros e sirenes complementando a rotina da grande metrópole.
Em meio ao pandemónio a lua matreira esticou seus beiços e sapecou-lhe um beijo nas faces, tornando a guria prateada com o brilho da esfera celeste.
Ela sorriu, piscou para a lua e mandou um beijo através do espaço, daqueles que se dilui pelas nuvens, espalhando amor entre os seres amantes.
Por um instante Beagá freou, para sentir o gesto afetuoso da menina penetrar naquela aura de tensão da grande cidade.
No morro o traficante parou de vender pó, no presídio cessou a violência, nos hospitais ninguém mais morreu, e o tempo estagnou para repensar sua vida.
O beijo espalhou a harmonia, e Beagá sentiu que podia ser feliz, pelo menos durante alguns instantes.
O momento mágico se prolongou nas palavras, que foram enviadas para a cabeça do poeta, que num soneto imortalizou a musa das acerolas.
Azedas e alegres, ácidas e doces, a vida, o tempo, os amores, tudo num turbilhão de letras, idéias de quem ama a vontade de amar. As acerolas beijaram os lábios que o poeta queria beijar.
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