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Poesias-->A tartaruga -- 17/12/2003 - 15:06 (Ricardo França de Gusmão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A tataravó da tartaruga tartarandava

Pela crosta preta do planeta há

Dezenas de milhões de anos

Quando elas, as tartarugas e seus irmanos

Devagarinhosamente dominavam o mundo.

A velocidade ainda não existia

Nem os bichos-locomoção, como

O carro, o ônibus, o metrô, o navio, o avião.

Nada de correria acontecia

Pois a vida era besta de tão lenta

E sabedoria mais que promessa

era fazer tudo sem pressa.



A tartarugavó sabia

Que o importante da vida não estava

Escondido no resultado final da atividade,

Mas no aprendizado do processo

Prazer de assimilar-entender caminhando

Sentindo os passos,

Passo a passo

Passo a passo

Pé-ante-pé

Curtindo a expectativa

Sentindo a saudade

Preparando a espera

Amornando o tempo

Preparando o coração

Sentindo os passos,

Passo a passo

Passo a passo

Pé-ante-pé.



A tataravó da tartaruga antiga

Tinha o DNA mais forte do que o casco

E deixou escrito na evolução da espécie

O limite de velocidade máxima da vida

A ser vivida pelas netas

Seja no mar, seja na terra.

Por isso a tartaruga aprendeu a vencer corridas

E a não desandar a caminhada.

O importante antes de tudo

era curtir a viagem,

compreender a distância

e a asperosidade do chão.



E assim vão as tartarugas

no tempo, na evolução:

Tic-tac de relógio contínuo

Passo a passo

Pé-ante-pé

Para despertar sem stress

Na tartaruga seguinte.



No lado inverso desse universo avesso

Nós, seres apressados desde o começo

Filhos do século XXI e sem endereço,

Não conseguiremos chegar

A lugar algum seja tarde ou cedo.

Provavelmente enfartaremos

pelo caminho extremo estaremos

descontruídos em desastre

presos em meio às ferragens da pressa.



Quando a vida passa rápido demais

Não conseguimos enxergar

A paisagem do lado de fora.

A tartaruga está decorando a vida

Apreciando a vida em velocidade devagar

Nesse momento

Enquanto a gente corre mais e menos vive

A tartaruga que eu tive

Está livre agora,

Ela venceu o tempo.







Por Ricardo França

Rio de Janeiro, 22 de julho de 2003





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