Para definir-te
não é necessário
nenhuma fórmula matemática.
Pelo contrário,
é preciso ser analfabeto de tudo,
encarar-te como primeira aventura:
única sílaba dita na vida de um mudo,
única tinta viva na sobriedade de um muro.
Para definir-te, inevitavelmente,
o beijo será o método de pesquisa.
As mãos, a vontade de um aluno dedicado,
de soletrar-te em silêncio morno,
carinho de passarinho...
Para definir-te
seria preciso recompor uma vida,
projetar uma linha
para além do além do mais,
depois
dar de andar nessa linha,
decorando tudo, eternamente,
esperando uma resposta, de repente,
sempre, sempre,
que ela caia do céu...
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