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Poesias-->TUDO PELO SOCIAL -- 18/12/2003 - 14:58 (Ricardo França de Gusmão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A minha poesia viu um assassinato.

Não, não é boato.

De fato, coitada, ela viu o morto na calçada.

Morto mesmo:

duro, roxo e com um tiro na testa.

E morto nesse país é sinônimo de festa.

Morto que se preza, desses gabaritados,

morre em uma tarde de verão

em uma rua movimentada.

De preferência, super populosa:

cercada de edifícios por todos os lados.

Morto que se preza tem uma população em volta.

E esse, cumpriu à risca todas as determinações.

Esse era um morto profissional, talentoso.

Elegantemente escandaloso.

Tanto que foi aplaudido.

O povo, de pé, pedia bis.

E em uma demonstração de admiração sincera

a rua repleta, em uma só voz, cantou em homenagem ao extinto:



"Parabéns para você nesta data querida,

morra mais vezes no meio desta avenida".



Realmente uma festa!

Os bares: abarrotados.

Ambulantes cobravam em dólar.

A população estava feliz

e o governo pode aumentar tranqüilo

o preço da gasolina, do feijão, do leite e do pão.

Mas seria injustiça

dedicar toda essa festa à participação

secundária do morto.

O assassino sim teve uma atuação especial!

Afinal, sem ele não haveria morto

e sem morto não haveria festa!

Ele é que é o verdadeiro anfitrião,

o organizador desse ato folclórico!

Mas aonde está o assassino ?

Esse caridoso homem

que provavelmente não faria mal à uma mosca ?

Oh, sim...Um homem de tal grandeza espiritual

não fica para ganhar o mérito da coisa.

É um eterno anônimo:

ninguém o viu, ninguém o verá.

Afinal, testemunha que se preza

nunca vê nada:



"Eu vi tudo mas não sei de nada,

eu não sei de nada mas vi tudo".



Tudo em nome da alegria!

Sorria escandalizado leitor!

Pratique um assassinato por dia:

Hoje a sua sogra, amanhã a sua tia!

Para ter mais emoção

viva um protagonismo de perto,

com um tiro na testa ou um facão na garganta!

Na falta de coolaborador cometa o suicídio.

Reúna a imprensa e despenca do edifício!

Coloque formicida no prato de seu filho!



Tudo Pelo Social, caro leitor!

Tudo pelo controle populacional!

Tudo, absolutamente, normal!







31.12.87

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