O predador e a liberdade
Por Airam Ribeiro 24/02/05
Laurentino amigo
Qualquer dia vou levar
Você em minha terra
Para poder observar
Os pássaros em liberdade
Cantando de felicidade
No espaço a voar.
No arvoredo em frente
A cazinha do vaqueiro
Verás muitos canários
Com seus cantos fagueiros
Quem sabe expressando
Nos gorjeios entoando
O seu mundo verdadeiro.
E tantos outros que tem
Cantando no entardecer
Faz agente repensar
Na hora que for prender
O coitado no alçapão
Veremos que esta questão
Não é um bom proceder.
Como é lindo observar
O canto do sabiá
Cantando na mangueira
Que tem no meu lugar
Também acho porreta
Ouvir a Maria preta
No assa-peixe a cantar.
Até o famoso anum
Em cima do animal
Catando os carrapatos
No meio do matagal
Tem o seu canto bonito
Não acho esquisito
No período matinal.
Apareceu lá na roça
Um gaiato predador
Com uma gaiola na mão
Mas vazio de amor
Com ar de falsidade
Cheio de perversidade
E cara de enganador.
Foi expulso na hora
E sua gaiola quebrada
Lá não vai mais aparecer
Para dar esta mancada
Querem traficar animais?
Vai pra outros matagais
Onde a liberdade é castrada.
Caro amigo em sua casa
Sem querer eu avistei
Um canário meio triste
Se era seu não sei
Eu lhe falo a verdade
Vi uma grande maldade
Na gaiola que encontrei.
Aconselha o predador
A soltar o canarinho
Que não tem advogado
Como sofre o bichinho!
A felicidade da gente
Depende do que se sente
É só pensar um pouquinho.
O homem quando é preso
Quer logo sua liberdade
Arranja mil desculpas
E engana a autoridade
Consegue um advogado
Dizendo que é um coitado
Com toda moralidade.
É o pior dos animais
Na terra já existente
Mata, rouba e engana...
Só tem maldade na mente
