Sei lá quem mandou esse negócio, mas o texto é de um tal de Francesco Albertoni, e o livro tem o nome de Amizade, da editora Rocco, 1989. Mas vai lá um pedaço.
Blá, blá... a amizade é uma forma de amor com a qual os indivíduos se deparam, e na maioria das vezes é confundida com o enamoramento .
Blá,blá...o enamoramento tem uma data definida, uma revelação...já a amizade não se configura com uma revelação única inicial, mas com uma série de encontros e de aprofundamentos sucessivos. Blá,blá... o enamoramento segue a lei do tudo ou nada; a amizade envolve diversos níveis, intensidade, escalas de valores .
O enamoramento é perfeito desde o início. A amizade pode ter graus evolutivos .
Etecetera, quando falamos em amizade temos em mente um ideal, uma utopia .
O pedaço mais interessante diz que o enamoramento é uma paixão. Mas bah!
Em alemão, paixão é Leidenschaft. Leiden é o sofrimento( conceito de Schopenhauer). Na paixão de fato há sempre um sofrer. O enamoramento é êxtase, mas também tormento. A amizade, porém, tem horror ao sofrimento .
Pula umas linhas e lá adiante diz que outra diferença fundamental é que posso enamorar-me de alguém e não ser correspondido. Nem por isso deixo de estar enamorado. Esse pedaço é do autor; mas bah guria, quem imaginava um troço tão ontológico. Tava inspirada, hein!
O enamoramento nasce sem reciprocidade e vai em busca dela, ao passo que a amizade exige uma reciprocidade qualquer . Discordo, mas deixa prá lá.
No enamoramento é sempre terrível deixar quem amamos ; prossegue o tal de Francesco, dizendo que o maior sofrimento é odiar quem se ama e que amigos de verdade não se odeiam, pois o ódio é a antítese da amizade.
Tá certo, mas e daí? Que vou dizer aos leitores, que se atiraram sobre o texto esperando uma solução para o caso daquela colega de trabalho, da professora de biologia, para aquele milico que casou com a vizinha, para a jovem que passa todos os dias na frente da casa com seu ar quase inocente e tantos outros?
Prá que me mandaram este negócio afinal de contas? Sedução? Desafio? Nada? Apenas um motivo para escrever um pouco mais? Sedução sutil de intelectos visando corpos em êxtase? Uma conversa numa rua qualquer? Um copo de vinho?
Ou...nada? Mesmo? Mas bah guria, que conversa... Nada mesmo? Tem certeza? |
