Das bandas dos anos 80, a volta do RPM era uma das mais esperadas, seja pelo sucesso que o grupo alcançou, seja pela importância que a banda tem na história do rock nacional. Com certeza muita gente irá torcer o nariz para isso, mas não podemos negar que o RPM tem seu lugar garantido no rock brazuca. O RPM foi o primeiro grupo de rock nacional a vender mais de um milhão de cópias, conseguido com o Radio Pirata Ao Vivo, chegando a um total de mais de dois milhões. Antes disso a banda tinha lançado apenas um álbum, Revoluções por Minuto. As apresentações que renderam este disco ao vivo tiveram a produção e direção de Ney Matogrosso, o que tirou um pouco do ímpeto e das improvisações, mas com certeza transformaram em um espetáculo a performance da banda.
O RPM lançou ainda apenas mais um disco, Os Quatro Coiotes, que muito mais rock do que pop, não vendeu tanto quanto todos esperavam, parando na faixa das duzentas e cinqüenta mil cópias, sim, não é pouco, mas para quem tinha vendido milhões, só duzentos e poucos mil são pouco. A banda se separou logo depois, segundo uns por diferenças musicais, para outros por se envolverem até a alma com drogas. O fato é o maior grupo de rock brazuca dos anos 80 tinha acabado. A loucura que tinha se formado no país por causa da banda, culminando até em álbum de figurinhas tinha acabado, e cada um foi para um lado, com destaque para o sucesso da carreira romântica de Paulo Ricardo.
Bom, mas não estou aqui apenas para falar sobre a banda, mas também para comentar sobre o novo CD RPM 2002, que foi divulgado como mais um projeto acústico da MTV, mas que no fundo, se mostrou mais como um show ao vivo da banda, com direito a guitarras e sintetizadores a torto e a direito. Isso tirou um pouco da graça, pois realmente eu estava esperando um acústico e as mudanças que este formato trás a uma música.
O que vemos é o velho RPM, e por mais que se tenha gostado da banda, ela soa datada nesta volta. Os hits estão todos no disco, iguaizinhos aos originais, mas falta algo, talvez a vitalidade que tinham anteriormente e que é visível, apesar da mão de Ney Matogrosso, no álbum Rádio Pirata ao Vivo. Já as novas músicas, bom, algumas cairiam melhor em um disco solo do Paulo Ricardo, como Vem pra Mim, Fatal e o bônus de estúdio Onde Esta o Meu Amor. Mas no meio existem composições novas e boas, Carbono 14, onde é feito um balanço dos anos 80 pela banda, por exemplo tem um instrumental vigoroso. Os melhores momentos com certeza foram em Juvenília, Sob a Luz do Sol, e Alvorada Voraz que teve uma sutil mudança, a inclusão de violões na base da música. Mas o momento melancólico do show foi a participação póstuma de Renato Russo em A Cruz e a Espada.
Tem ainda as covers de London London, que, sinceramente, deveria ter ficado de fora, e também de Exagerado, do Cazuza, em formato quase acústico, transformada em uma baladinha, até que a versão ficou gostosa de ouvir e contou com a participação do Frejat.
No fundo, é um disco voltado totalmente aos antigos fãs, com certeza conseguirá alguns novos, mas como eu disse, ficou faltando algo, não sei se as novas composições influenciaram, ou se o espaço dado a estas músicas fosse menor ou ainda se o disco fosse um acústico verdadeiro a coisa teria dado mais certo. Mas olhando como um fã, tirando um ou outro deslize, a coisa ficou acima do esperado.
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