Carta para Ninguém
Prezado senhor Ninguém,
Venho por meio desta te oferecer
tudo o que tenho
Pena que é tão pouco perante alguns
E tanto perante os pobres de espírito
Caro cidadão ninguém,
Muito caro para alguém que tem
Tão pouco
Baratas para Ninguém como
Você, que tem pouco de tudo
De tudo migalhas
Peça para alguém,
Que como eu tento entender
O nosso velho mundo novo,
Para movimentar a última peça desse
Jogo, mesmo sem conhecer as regras
Que ele não tem
Caro consumidor Ninguém,
Consumido pela dor,
Sumido Aparecido pelo Odor
Ignorado pelo pudor
Enaltecidos pelo louvor
Tecidos rasgados, sujos, imundos
Inmundanos queimados pelo terror
Festa de Ninguém,
Tem que ter farinha e ovo,
Brigadeiro, beijinho, bolo...
E se possivel, uma cesta básica também
(com carinho, mas não do hiper-super-mega-ultra Mercado)
As coisas vão muito além...
Da caridade de pessoas de bem...
Tudo igual, nada vai além
Digo isso pro seu bem,
Todos querem ser alguém, Ninguém
Se todos pudessem ser alguém...
Thonni Brandão
|