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Contos-->Espaço em branco -- 23/06/2003 - 14:16 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Naquele cesto de lixo havia uma folha de papel amassada. Um pedido de demissão. Misturado com pedaços de bolo, restos de revistas picadas, uma garrafa vazia de vinho tinto.
Foi assim que Marvelo encontrou o dia, que já se encontrava acordado. Uma ressaca o fez pensar que havia sido demitido, mas resolveu fazer uma festa antes de entregar o papel, tombou exausto pelo bacanal improvisado com as primas e confundiu tudo.
Acordou empregado na segunda-feira, com dor de cabeça e o compromisso de estar na empresa às dezoito horas. Eram apenas oito horas, e pensou se deveria fazer outra carta de demissão, embora estivesse vendo alguns de seus colegas de trabalho em pé, zanzando pelo recinto.
Confusão justificada. Os colegas de trabalho haviam participado do bacanal, e muitos ainda procuravam o banheiro e algumas das suas primas. As primas de Marvelo, umas sete, eram todas prostitutas, obrigadas a optar por uma vida diferente, já que não tinham estudo nem vontade de estudar. Também detestavam o mesmo patrão todos os dias.
Marvelo incentivava as primas. Tinha vontade de prostituir seu trabalho para vários patrões diferentes, de preferência até rivais, como forma de compensar o peso da consciência engajada.
Mas a sua profissão não deixava muito tempo para isso. Precisava fazer alguns treinos físicos todos os dias a fim de continuar em forma como vigilante da fábrica de fogos de artifício.
Largava o turno por volta das sete horas, alternando as folgas pela escala. Dormia mal, comia mal, e se não fossem suas sete primas, não conseguia firmar namoro com ninguém. No dia de folga de uma delas descarregava a tensão do corpo, ou quando uma delas vinha compartilhar do almoço tardio das quinze horas.
Vida abjeta e nefasta, pensava todos os dias, enquanto subia na bicicleta que o levava para a fábrica.
Admirava poucas pessoas, todas estrangeiras, entre elas Osama Bin Laden e Yasser Arafat, antes de se tornar dirigente. Gostava de pensar nas explosões de prédios, ataques a grupos mais fortes.
Se sentia muito fraco por trabalhar como vigilante. Gostaria de ser um daqueles guerrilheiros ou terroristas, enfrentando todos os conceitos sociais e tentando implantar uma nova ordem, tão louca quanto a original.
Pensava nos que enfrentam a lei e são punidos. Sentia um certo elo de ligação. Se sentia punido por trabalhar enquanto os outros dormiam. Não era politicamente muito esclarecido, mas revoltado.
Tinha raiva de si e dos outros, que não lhe permitiam mais tempo para pensar, se articular.
Foi alertado pela prima que estava se aproximando o horário do almoço, algo em torno de quinze horas. Almoçou, viu os colegas se despedirem e ficou com a moça. Fez sexo rápido, um pouco ansioso.
Às dezoito horas chegou ao trabalho. O barracão estava fechado. Ficou imaginando o tamanho da explosão que poderia causar se houvesse um incêndio. Sua parte contestadora ficou mais forte. Tirou um isqueiro do bolso e quebrou o vidro do barracão...
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