UM E/OU OUTRO

Estruturas miniaturizadas

L. C. Vinholes

Ottawa 1983

Nota de 07.05.2023

Até agora, este texto não chegou a ser publicado em meio que facilitasse o acesso do público, razão pela qual, depois de trinta anos, ampliando a informação do título, decidi disponibiliza-lo neste site, atualizando, no seu final, os dados da série de apresentações que chegaram ao meu conhecimento    

Nota de 04.10.2023

Em 15.09.2023 esta obra, na interpretação do pianista Daniel Benitz, constou do programa Obras musicais de L. C. Vinholes, apresentado no Auditório do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas, em comemoração dos 90 anos do compositor, dos 60 anos da celebração da irmandade entre as cidades de Pelotas e Suzu (Japão) e da outorga do título Doutor Honoris Causa pela UFPel ao seu autor.

Aqueles que estão mais familiarizados com os meus trabalhos não ficarão surpresos com o fato de que as duas pequenas peças para piano intituladas “um e outro” ou “um ou outro” terem tão pouca duração. Sempre tive uma especial predileção pelos monossílabos, pelas cousas fisicamente minúsculas, pelo singular das unidades. Em música, fui e sou fascinado pelo que pode estar encerrado em cada uma das notas que formam um modo, uma escala tonal ou uma série dodecafônica. Às vezes, sou levado a acreditar numa sinfonia de uma só nota ou em um som que vale uma sinfonia. Daí minha admiração pelas ciências que procuram cada vez melhor conhecer os mundos menores e as novas unidades ainda possíveis nos nossos microcosmos.

Usando, temporariamente, o dodecafonismo como instrumento de trabalho, escrevi estas peças procurando, no decorrer da ocupação artesanal, aperfeiçoar os conhecimentos que possuía na época relativos ao que chamei de estruturação miniaturizada. Hoje, posso encontrar nestas peças o germe de certas idéias registradas em minhas obras mais recentes da série intitulada “tempo-espaço”, iniciada em 1956.

O título que dei, acompanhado de uma outra indicação de alternância, l: (lê-se: está para) 2 ou 2:1, aventa a possibilidade de uma aleatoriedade em gestação que se tornaria filão importante nas minhas atividades de criação, como ficou patente nas Instruções 61 e 62, para quatro instrumentos quaisquer, a primeira, e para instrumentos de teclado, a última.

UM E/OU OUTRO foram terminadas em 19 de setembro de 1954 e ficaram sem apresentação pública até 11 de janeiro de 1979, quando Maria de Fátima Pinto a apresentou em São João Del-Rei, em um dos recitais do VIII Curso Latino-Americano de Música Contemporânea. A primeira audição no exterior ocorreu em 8 de fevereiro de 1982, quando o pianista e compositor argentino-canadense Alcides Lanza, Diretor do Estúdio de Música Eletrônica da Universidade McGill de Montreal, apresentou-se no Aluni Theatre da Faculdade de Música da Universidade de Ottawa. Nos últimos anos, elas têm figurado do repertório de outros pianistas, entre os quais o professor Paulo Affonso de Moura Ferreira que vai interpretá-la no recital no MASP, em 1 de novembro de 1983.

Apresentações registradas entre 1983 e 2005

28.08.1982 - Conservatório Musical Brooklin Paulista. Recital de alunos e professores. Analaura de Souza Pinto.

16.11.1983 - Concertos do Meio-Dia - Grandes formas da música ocidental: serialismo e dodecafonismo - Mozarteum Brasileiro - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Paulo Affonso de Moura Fernandes.

04.04.1984 - Concerto em Homenagem aos Compositores Pelotenses. Auditório Milton Lemos. Conservatório de Música de Pelotas. Promoção da Pró-Reitoria de Extensão. UFPel. Loila Weymar.

10.09.1986 - Concierto de Música Brasileña y Costarricense. Salon Dorado do Museu de Arte Constarriquense. Patrocínio da Embaixada do Brasil e do Centro de Música Contemporânea: em “comemoración de la Semana Pátria do Brasil y de Costa Rica”. Marco Antonio Quesada.

17.11.1990 - Conservatório de Música da Pelotas. UFPel. Painel sobre música do século XX. Loila Weymar.

18.08.2003 - Auditório Tasso Corrêa UFRGS. Porto Alegre. XIV Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (Anppom). Celso Loureiro Chaves.

18.03.2005. Auditório da Casa Thomas Jefferson, Brasília. Sextas Musicais. Maria José Carrasqueira.