Turíbio entrou cedo na política. No tempo em que nem existia ala jovem. Acompanhava um tio nas reuniões da Arena. Aprendeu as técnicas dos políticos e decidiu se incorporar ao mundo das decisões.
Com a abertura do processo político entrou no PDS, que era o partido do governo na época. Conseguiu um mandato de vereador na pequena cidade.
Veio a onda das reações populares, perdeu o mandato e entrou no MDB. Conseguiu reaver seu cargo quatro anos depois, superando uma fase difícil. Ficou no partido até que houve mudança de sigla.
Quando achou que o PFL poderia dar lucro, mudou para o partido dos empresários. Continuou vereador, achou que o PDT era melhor em determinado momento e migrou novamente.
Ficou três meses no partido trabalhista, ouviu uma proposta boa e foi embora. Em um ano conseguiu passar por cinco partidos, sempre alegando defender a democracia e a legitimidade política.
Os eleitores marcaram a fisionomia do candidato e ele perdeu a boquinha, ficando de fora do setor político durante quatro anos. Como era muito volúvel, também não tinha amigos de verdade.
Surgiu uma chance de trabalhar para um político de renome estadual e aproveitou a vaga. Turíbio foi trabalhar como auxiliar de serviços gerais, apenas para não perder a chance de frequentar os corredores do poder.
Foi bem durante umas três semanas. Começou a vender informações para alguns inimigos políticos do deputado, sempre por valores altos, estipulados em dólares, em quantias nunca inferiores a dois e nunca superiores a cinco, para valorizar seu trabalho.
Foi descoberto e expulso da Assembléia, ficando reconhecido pela falta de moral.
Enquanto chorava nos degraus da casa legislativa, foi descoberto por uma jovem muito feia, filha do presidente da instituição, que emprestou um lenço para o infame.
Turíbio chorou, distorceu a história e foi convidado pela jovem para almoçar. A sedução foi natural, logo acompanhada de uma nomeação para cargo de confiança e casamento para o fim do ano.
Turíbio conquistou a moça, a vaga no partido do sogro, e também o cunhado, com o qual mantém um relacionamento discreto ainda hoje. A metamorfose ambulante é um exemplo de sobrevivência para muitos de seus pares.
